Falei da "História da Civilização Ibérica" de Oliveira Martins no post anterior e a ela voltarei a seu tempo. Não foram palavras vãs, nem desconexas com o drama do momento. Mas como a INVASÃO DO MEDO entrou, de rompante, na ordem do dia, a ponto da TV reportar as palavras do Presidente da República, a que ontem aludi (o medo de "perdermos a identidade", o medo de podermos vir a ser governados por "gente estranha" a quem foi concedida a nacionalidade portuguesa e, portanto, com "direito a voto"), vou deixar a HISTÓRIA escrita, a HISTÓRIA feita, a HISTÓRIA reflectida, e pôr o enfoque na HISTÓRIA viva, apaixonada, carregada de emoções, nem sempre reflectida, aquela que todos os dias presenciamos, que "vemos, ouvimos e lemos", com vista a associar a REPUGNÂNCIA que me causou a rasteira daquela "jornalista", na Hungria, aos indivíduos e grupos que, em Portugal, se aproveitam da SITUAÇÃO, alguns deles armados em patriotas primários e outros em intelectuais esclarecidos, seja de uma forma aberta ou disfarçada em retórica. Eles, em nome da Pátria, da Monarquia e até da República, aproveitando a maré, correndo atrás de "likes" aqui, no Facebook (hoje qualquer republicano é rei, sentado no seu trono, satisfeito com os "likaios" que, à maneira cortesã, o adoram e bajulam) eles, dizia eu, recorrem à PALAVRA e/ou à FOTOGRAFIA, a fotomontagens várias, criativas, imaginativas e de impacto, para levantarem o fantasma do MEDO. A última foi a de um avião, em pleno voo, com muitas pessoas no dorso com a ameaçadora legenda: "NÃO TARDA QUE ELES CHEGUEM ASSIM". Gente sem sentimento, corre-lhe a favor o vento. Comparei mesmo essas vozes ao "tam...tam...tam..." das "caravelas" colocadas na cabeça dos espantalhos, pelo lavrador, a rodar e a fazer barulho para espantar da sua leira os intrusos indesejáveis.
E o espantalho do MEDO não se fica somente pelos REFUGIADOS. Ele é acenado diariamente nos palanques da campanha que decorre para as eleições legislativas que se avizinham. E claro fica o que têm de comum essas aves de mau agoiro. São pessoas ou grupos de DIREITA. Se dúvidas houvera, elas desapareceram ontem na manifestação daquele partideco (qual é a sigla?) que resolveu mostrar-se nas ruas de Lisboa, contra uma manifestação de sinal oposto, esta realizada em consonância com as demais que decorriam em toda a Europa.
E logo em Portugal! Eles, esses PATRIOTAS, que pretendem dar lições ao mundo, que têm por bandeira o Afonso Henriques e Expansão Portuguesa, tempo de naus e caravelas, nós que demos "novos mundo ao mundo", que iniciámos GLOBALIZAÇÃO, a menina dos olhos da nossa HISTÓRIA e desses PARRIOTAS.
Foi por aí que comecei, o meu retorno aos "caminhos andados". lembram-se? Foi pelos dois VELOSOS. Um, o gabarolas cantado por Camões e o outro, o alcaide preso em Moçambique por "negociar" com os muçulmanos. Citei Camões, Alexandre Lobato e agora Oliveira Martins. A eles voltarei, oportunamente para melhor estabelecermos a correlação entre o PASSADO e o PRESENTE, entre a PALAVRA e o PENSAMENTO. Entre o indivíduo e a nação.
Abílio/setembro/2015