Vem isto a propósito de um candeeiro a petróleo que faz parte da minha colecção ao qual faltava a correspondente chaminé de vidro. «Onde posso comprá-la»? Perguntei aos amigos mais ou menos ligados às «velharias» como eu, ligados àquelas peças carregadas de história, mas que ainda não atingiram o estatuto de «antiguidades». «Vá o Mário dos Cacos, ali junto ao Miradouro, a caminho da Igreja Matriz!»

O «Mário dos Cacos» era o senhor Mário Pinto Monteiro, falecido há pouco tempo com 81 anos de idade. Estabelecido no ramo de mercearias e utensílios domésticos, na sua casa comercial, sita na Rua Comendador Oliveira Baptista, existia tudo o que fizesse falta num lar camponês e vilão ? do candeeiro ao pavio, do petróleo ao azeite, do arroz ao café torrado, moído ou em grão. Daí o apelido que lhe atribuíram, «Mário dos Cacos». Ele não se ofendia com isso. Prestável e atencioso para com os clientes, sucedeu-lhe a esposa D. Claudina Augusta de Oliveira Monteiro, de 83 anos feitos neste ano de 2007, a quem me dirigi na esperança de adquirir a peça que me faltava.
Que sim, senhor. Era só esperar um bocadinho. Saiu detrás do balcão e foi ao armazém. De regresso, não trazia uma, mas duas chaminés de diferente modelo para eu escolher. Escolhi, paguei e perguntei-lhe se podia tirar-lhe uma fotografia junto do balcão, pois estava certo que o seu tipo de negócio e todas as lojas semelhantes à sua passassem ao domínio da arqueologia.

Consentiu no meu pedido e como estou a fazer o registo das casas comerciais que, em Castro Daire, neste mundo em acelerada mudança, repleto de super e hiper-mercados, mantiveram as características tradicionais no seu trato com os clientes e que dispõem de produtos que não se encontram nessas grandes superfícies, aqui deixo, para memória futura, o texto e a imagem.
NOTA: PUBLICADO NO MEU VELHO SITE E MIGRADO HOJE MESMO PARA ESTE
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