PENEDO DO CAVALEIRO
Recentemente, por iniciativa das GENTES DE LAMELAS, nomeadamente Hélio Silva, Diogo Baronete, António Pinto e outros, sempre diligentes em valorizar o património edificado e natural existente em redor, desviada que foi a água do seu curso milenar, perdido que foi, por enquanto, o espumoso e cantante caudal que, em queda livre e contínua, brilhava ao sol, para encanto e admiração do passante, água escorrida encosta abaixo, a imitar o estendal da «roupa branca» que uma moura encantada, moradora naqueles penhascos, nas manhãs de S. João, punha ao sol, semelhantemente a tantas outras lendas que preenchiam o imaginário camponês, mouras sempre prontas a saírem do PENEDIO e a mostrarem a riqueza e poderio que os MOUROS tiveram enquanto dominaram o território, vg. PENEDO DA MOURA na Relva (freguesia de Monteiras), a ORCA DA MOURA, (arredores de PENDILHE), a COVA DA MOURA, (os arredores de ALVA), a GRUTA DA MOURA, junto ao RIO PAIVA, (território de PEPIM) semelhantemente, dizia eu, a tantos outros PENEDOS com nomes e protagonismo local, apareceu ali o PENDEDO DO CAVALEIRO, a desafiar os tempos e a imaginação, fim de se valorizar o espaço e a panorâmica que dali se alcança a olho nu, ou de binóculos,
E, para atrativo turístico, essas pessoas, naturais da terra, cheias de boas intenções, com a colaboração de quem sabe do ofício de carpintaria, congeminaram e puseram ali um CAVALO DE MADEIRA, com funções de balouço. Tudo com despesas e trabalho seu, inclusive a canalização da água que andava perdida no baldio de Landes, depois de ter sido explorada, há anos, pela Câmara Municipal.
Ainda que, no princípio se pensasse encharcá-la em «covinhas» feitas nos penedos, à semelhança das que existem na serra e recebem as águas das chuvas, tudo acabou num recetáculo artificial feito pelo senhor Narciso Pinto, homem que, como já deixei amplamente provado, «está em tudo» que resulte melhoramento para a aldeia e o concelho. Um homem dos sete ofícios.
A foto que ilustra este apontamento mostra o senhor Hélio Silva encavalitado no PENEDO DO CAVALEIRO, no dia em que gentilmente ali me conduziu e me mostrou as benfeitorias em redor, a saber, os acessos que ali levam a partir da estrada que liga Lamelas a Codessais e a colaboração dos populares, da autarquia e dos Bombeiros, na limpeza dos matos e da abertura encosta arriba.
E, ainda que todas estas coisas de interesse coletivo, envolvendo sempre opiniões convergentes e divergentes, tenham, por vezes, períodos de estagnação ou imobilismo, o certo é que já muita gente da terra e fora dela ali foi alcandorar-se, usufruir da panorâmica natural envolvente, CORES E AROMAS, e, seguidamente, «botar» figura nos seus «murais» do Facebook.
Digamos, por antecipação, que o PENEDO DO CAVALEIRO virá a ser um complemento turístico do PARQUE ADVENTURE POMBEIRA, empreendimento que o atual Executivo Municipal resolveu (e muito bem) levar a efeito no sítio das antigas CASCATAS, visando assim colmatar, artificialmente, a perdida beleza natural que a mini-barragem, feita a montante como já disse, tirou dos olhos e dos ouvidos dos passantes, da natureza amantes. E conciliar, dessa forma, o passado e o presente, desiderato nem sempre conseguido sem sacrifício de algo natural e histórico. É o caso vertente. Contudo só futuro dirá se os dinheiros públicos ali gastos virão a ter o retorno humano esperado e tão necessário neste PORTUGAL INTERIOR E DESERTIFICADO.
O cronista, assumido lenhador na floresta das letras, sempre de podão em punho, a bem do seu concelho e da humanidade, espera que o empreendimento tenha sucesso e que, quando for tomar uma «bica» e dar «dois dedos de conversa» no «CAFÉ MIRA-POMBEIRA» do senhor HÉLIO SILVA se possa congratular com a iniciativa e admirar o movimento trazido à região pela «via ferrata», a «escalada», o «miradouro», as «piscinas naturais» e tudo o mais que ali converge do lado de Lamelas e de Codessais. (topónimo escrito propositadamente com dois «SS» por entender que ele deriva de «CODESSOS» e eu me recusar a perpetuar um ERRO cometido algures no passado, por escriba desatento. Isto apesar de saber que Portugal Inteiro está polvilhado de «Codeçais» (com «ç) e também de «Codessais».)
Este nosso interior, com erros ou sem erros toponímicos, tornou-se, há uma vintena de anos, produtor de energia hídrica e eólica. Antes, porém, já a serra era fornecedora de energia às cidades, mosteiros, solares de quintas e tendas de ferreiros . A «urgueira» atualmente em vias de extinção, era planta que dava a «torga» para fazer carvão (cf. crónica específica neste site).
Por isso quem se passear por cá com simples espírito de passeio e de aventura, leva também um pedacinho de HISTÓRIA servida na bandeja rústica do ar puro, do oxigénio da serra,daqui, deste espaço amplo e livre do monóxido de carbono que sufoca as grandes cidades, ditas civilizadas. Aquelas que, seguramente, são as grandes consumidoras da energia que da serra sai.