De facto, executado o trabalho, por relatar assuntos da HISTÓRIA LOCAL, de interesse concelhio, solicitei ao Executivo Municipal, então presidido pelo senhor JOÃO AUGUSTO MATIAS PEREIRA, que assumisse os custos da sua publicação, cedendo-lhe eu os “direitos de autor” da PRIMEIRA EDIÇÃO (reservando-me o direito das seguintes) o que foi imediatamente aceite.
«(...) Imprescindível se torna avaliar costumes, danças, cantares, atitudes, crenças, ferramentas, utensílios e tudo o que constitui uma praxis específica. O concelho de Castro Daire é, neste aspeto, uma fonte que jorra abundantemente para o amante da nobre tarefa de investigar. É um atrativo para aquele que, não se contentando com meras aparências, pesquisa o que, vulgarmente, pode parecer desprezível e sem valor. O que é iluminado e orientado pelo saber académico e pela experiência nestas andanças não menospreza a observação das transformações culturais e procura, com subtileza, identificar os elementos que unem ou separam o dia-a-dia menos recente dos tempos hodiernos. Tem sido esta a atitude desse insigne investigador da História Local - Dr. Abílio Pereira de Carvalho, também bem patente em «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura». (...) Ao autor e a todas as pessoas que, de algum modo, contribuíram para a realização deste trabalho manifestam o concelho e a Câmara Municipal a sua gratidão».
aracterizado por um visualismo muito próprio do investigador, o Dr. Abílio viveu, nos últimos tempos, um nomadismo característico de quem, não se poupando a esforços, percorre montes e vales para elaborar um trabalho de índole científica e proporcionar (...) uma tradução fiel do mundo que nos rodeia. Foi desta procura incessante dos factos e do intento de conhecer «in loco» a realidade, que resultou o conhecimento do saber e do saber-fazer retratado em «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura».
« (...) Sou um amante da cultura, admiro aqueles que tem capacidade e valor para produzir saber. O Dr. Abílio é um construtor de arte, um fazedor de cultura, um trabalhador da inteligência, um proletário da mente. Ele tem espalhado conhecimentos, cultura e saber pelo concelho e pelo país. Muito do que nós somos ele tem dado a conhecer pelo País inteiro. É merecedor da nossa gratidão, do nosso reconhecimento e da nossa estima. Os seus livros e opúsculos são o retrato do concelho e o testemunho da sua personalidade e da sua cultura. Nós estamos aqui não só para o lançamento do seu livro, mas para lhe prestar uma homenagem. O nosso jornal «Notícias de Castro Daire» já o pôs na primeira página, que é o lugar que ele merece. E já o considerou o homem da Cultura do concelho. É a sua consagração como homem de saber, como proletário da mente. Ele é, efetivamente, como está na moda dizer-se, um proletário da mente, pois não enriquece com os seus livros. Ele investiga mais com o espírito de colaboração e solidariedade, de amor à arte e ao saber do que por razões económicas. Tem por isso a nossa consideração, o nosso respeito e a nossa amizade (...)».
Leram e entenderam? Claro que sim. E leram e entenderam bem. Esta série de APONTAMENTOS versou e versa sobre o “25 DE ABRIL DE 1974, CINQUENTA ANOS DEPOIS” e, assim sendo, eu mais não fiz, do que lembrar que o Dr. João Duarte de Oliveira era, à data da “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”, o Presidente da Câmara de Castro Daire, cidadão que só não foi preso pelo COPCON, graças à intervenção do POVO que, amotinado, com o sino a rebate, acorreu em sua defesa, cercando a sua casa e pondo em apuros os militares portadores do conveniente mandato de captura. Ele que, como se viu acima, muitos anos depois, na situação de PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL, reportando-se a um adversário político, reconheceu ele ser “um construtor de arte, um fazedor de cultura, um trabalhador da inteligência, um proletário da mente”.
Eis, pois, as atitudes cívicas e políticas destes dois cidadãos, eleitos nas listas do PSD, com responsabilidades no concelho que provam como todas as REVOLUÇÕES que tomam assento na HISTÓRIA UNIVERSAL passada a hora das PURGAS e SANEAMENTOS (feitos ou não) dos elementos afetos ou suspeitos de serem escoras dos edifícios políticos esboroados, as águas revoltosas da enxurrada vencedora, acalmam, voltam ao leito do rio, retornam o seu curso natural e a vida soma e segue entre GOVERNANTES E GOVERNADOS.
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.