ENTERRO
No alto da esguia torre
Dobram dolentes os sinos
E a sua voz plangente
Dlem...dlam...dlem...dlam...
Leva às quebradas dos montes
Carreiros e caminhos,
Vales, rios e fontes
Distantes e vizinhos
A novidade:
Alguém morreu
E vai a caminho da eternidade.
No alto da esguia torre
Dobram dolentes os sinos
E a sua voz plangente
Dlem...dlam...dlem...dlam...
Comanda a procissão lenta,
Silenciosa que, atrás do caixão,
Olhos postos no chão,
Reza baixinho o Pater Noster
Pelo padre começado,
Enquanto água-benta
Esparge sobre o corpo do finado.
Dlem...dlam..dlem...dlam...
Quem morreu? Um faraó? Um rei?
Um imperador? Um general? Um capitão?
Não, não!
Foi um homem simples, um cristão
Um cavador, um aldeão
Homem bom, um homem são
Que a todos deixa saudade.
E as pessoas que ali vão
Não fingem amizade
Não vertem lágrimas de falsidade.
Ali, as únicas carpideiras de profissão,
Aquelas que de quem morre
Não se aproveitam, não,
São aquele metal de fundição
Lá no alto da esguia torre
Dlem...dlam...dlem...dlam...
https://youtu.be/o1sBKVyzNnE
Abílio
NOTA: poema publicado no meu antigo site e migrado hoje mesmo para este novo espaço.