Ó gente, se eu fosse da corte poeta, se tivesse de Gil Vicente a veia, sem receio de passar por bobo, diariamente do Facebook fazia palco e plateia, simultaneamente.
E com a calma de um tolo, de um destrambelhado pateta, sem noção do ridículo, dava saltos, fazia o pino, tornava-me palhaço de circo, dava cambalhotas e recurvado que nem dos motores as cambotas, encenava sem ritmo nem tino "autos de alma", daquelas almas penadas que na rede, em constante exibição (sabe-se lá à cata de quê!) se mostram de pé, deitadas, de perfil, a andar, paradas, a rir, a chorar, a cantar, a filosofar, a poetar, maneiras mil de matarem a sede que as mata. Ai fazia, fazia... e do palco não saía mesmo à tomatada. Pano aberto, pano corrido, isto só dito e visto de perto, pois de longe não tem piada. E piada não tem se for escrito ou lido. Em boa verdade, nada disto se escreve, nem nada disto se lê. Só se vê. É só teatro. É estar, à vontade e fazer o diabo a quatro. Entendeu Vossa Mercê, real Majestade?
Abílio/junho/2014