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terça, 17 novembro 2020 13:27

MUNDO DOENTE 13

Escrito por 

A PNEUMÓNICA EM 1918

Fracassada a restauração da MONARQUIA DO NORTE levada a cabo por Paiva Couceiro, o jornal “Echos do Paiva”, que, em 1915, tinha substituído  “A União”, ambos defensores dos ideais monárquicos, deixou de ser editado e, por isso, a partir de 1919, o concelho de Castro Daire passou a dispor somente da informação local que lhe prestava “O Castrense”, que, como já disse na crónica anterior, não iria além de 1932.

 

IMPRENSA LOCAL-REDZO ideário republicano que assumiu logo após a IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA não encontrava sustentabilidade no “Estado Novo” saído do 28 de maio de 1926. E, em seu lugar, surgiria “A Voz do Paiva”, título ressuscitado do jornal que, desde os fins do século XIX, foi espaço de escrita onde REGENERADORES, PROGRESSISTAS, REPUBLICANOS E SOCIALISTAS, expuseram as suas ideias, até à queda da MONARQUIA.

Tudo isto está no livro que fiz “pro bono”, a pedido do então Vereador da Cultura, LEONEL FERREIRA, a propósito do restauro do prelo “ALBION”, sob a minha orientação, existente no MUSEU MUNICIPAL, peça única no concelho e arredores no universo dessa tecnologia.

A propósito, onde é que esse livro está à venda e qual é a política gizada pelo PELOURO DA CULTURA no sentido de divulgar e dar a conhecer o nosso PATRIMÓNIO? É que nas livrarias de Castro Daire, para que conste, hoje mesmo, e para MEMÓRIA FUTURA, nenhum dos livros editados pela CÂMARA, graças, portanto, aos dinheiros saídos dos COFRES MUNICIPAIS, está à venda. Se assim é, o MUNICÍPIO edita para quê? Só para dizer que promove a INVESTIGAÇÃO E CULTURA sem proceder a subsequente divulgação e conhecimento? Para, depois de usar os dinheiros públicos, ter à mão uma “prendinha” para oferecer os amigos, compadres e afilhados?

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O produto da minha investigação e labor sobre a HISTÓRIA LOCAL visa objetivos muito mais abrangentes e formativos. Por isso aqui denuncio esse errado procedimento. Aliás, desconforme  com o que fazem outras autarquias que, nos seus portais digitais, fazem alarde das edições municipais que vão pondo no mundo.

Bem. Mas serve este introito para justificar que vai ser esse periódico - “O Castrense” - a minha fonte de informação sobre a PNEUMÓNICA de 1918, sabidos que foram os números de óbitos que avancei na última crónica.

É que apesar de eu saber que estes jornais locais eram feitos por pessoas sem a CARTEIRA PROFISSIONAL de jornalistas (assunto que já tratei anteriormente)  tinha a certeza que eles se preocupavam em informar o mais rigorosa e amplamente possível.

Ora, sem o jornal Echos” à perna, “O Castrense” chamou a si a responsabilidade de informar os seus leitores dos efeitos da PNEUMÓNICA traduzidos em números.

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Já em 20 de novembro de1918, (ver foto ao lado esquerdo)  tinha publicado uma estatística, mas em fevereiro de 1919 (ver foto do lado direito) faz um apanhado final, comparando com os óbitos registados no concelho desde o ano de 1913. Informação que não caiu do céu.

O tipógrafo/jornalista, pés a caminho, entrada na Conservatória do Registo Civil, leitura dos registos, feitas as contas e os dados recolhidos são fornecidos aos leitores, tal qual aqui se apresentam.

Desta vez não tive o trabalho de os acomodar numa grelha como fiz na crónica anterior. Vou deixá-los aqui tal qual foram publicados. Os meus leitores também têm de fazer um bocadinho de esforço, para melhor avaliarem os «trilhos da investigação».

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.