Ambos deixaram o Alentejo. Ambos vieram para Castro Daire. Dois mundos num só Portugal é logo isso que eu vejo. Lá, o 25 de Abril, era festa, arte, arraial, palestra e aqui disso nem sinal. No Plano de Atividades da Escola, não entravam os feriados civis. Comemorados eram somente os feriados religiosos, Páscoas, Natais e outros que tais. Não era para admirar. Em terra de seminaristas, clérigos e núncios, dias de revolução... credos, credos, abrenúncios. Mas a democracia implantada no país e nas instituições, fez de mim, por eleições, Delegado de Disciplina e a partir daí, tais feriados entraram no Plano e menino e menina tinham de saber porque não tinha aulas naqueles dias do ano.
Valeu pouco, ao que parece. Os autarcas eleitos, cá na terra, que da democracia viviam e vivem, não tugiam, nem tugem, nem mugem. Mas distribuíam e distribuem subsídios pelas Associações Recreativas e Culturais que, neste
mundo todo, nasceram como cebolo no campo cultivado. Atividades? Torneios de sueca, folclore, bombo, ferrinhos e pandeireta, mas nunca uma palestra sobre o 25 de Abril ou sobre a Descolonização.
E assim vai o mundo quarenta e dois anos após a Revolução. E, digo-o, desta feita, assim se entende que tenha sido um Governo de Direita, bem contra a minha pedagogia e gosto, que tenha acabado com alguns feriados civis históricos, que depois foram repostos por um Governo de esquerda. E qual foi o ganho? qual foi perda desta ousadia de tirar e repor? Não me refiro a cifrões, não senhor, refiro-me somente à cidadania. Responda cidadão. Responda, amigo, que vive em DEMOCRACIA.