Trilhos Serranos

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segunda, 25 abril 2016 07:24

VINTE E CINCO DE ABRIL

Escrito por 

PEDAGOGIA

Aquele dia, a memória não o perde, foi na vila Castro Verde como bem prova a fotografia. Ao lado esquerdo, coisa linda, uma criança, que naquelas ruas salta, que naquelas ruas pincha, junta-se à malta e pede uma trincha, quer entar na festa, ignorando o significado dela. quer borrar a parede de tinta, no vazio que dela resta.. A mãe está por perto, o pai não está afastado, atento. Ela orienta o trabalho, ele produz este documento. 

IMG 6069Ambos deixaram o Alentejo. Ambos vieram para Castro Daire. Dois mundos num só Portugal é logo isso que eu vejo. Lá, o 25 de Abril, era festa, arte, arraial, palestra e aqui disso nem sinal. No Plano de Atividades da Escola, não entravam os feriados civis. Comemorados eram somente os feriados religiosos, Páscoas, Natais e outros que tais. Não era para admirar. Em terra de seminaristas, clérigos e núncios, dias de revolução... credos, credos, abrenúncios. Mas a democracia implantada no país e nas instituições, fez de mim, por eleições, Delegado de Disciplina e a partir daí, tais feriados entraram no Plano e menino e menina tinham de saber porque não tinha aulas naqueles dias do ano. 
Valeu pouco, ao que parece. Os autarcas eleitos, cá na terra, que da democracia viviam e vivem, não tugiam, nem tugem, nem mugem. Mas distribuíam e distribuem subsídios pelas Associações Recreativas e Culturais que, neste Cópia de I.Remédios-1976mundo todo, nasceram como cebolo no campo cultivado. Atividades? Torneios de sueca, folclore, bombo, ferrinhos e pandeireta, mas nunca uma palestra sobre o 25 de Abril ou sobre a Descolonização.

E assim vai o mundo quarenta e dois anos após a Revolução. E, digo-o, desta feita, assim se entende que tenha sido um Governo de Direita, bem contra a minha pedagogia e gosto, que tenha acabado com alguns feriados civis históricos, que depois foram repostos por um Governo de esquerda. E qual foi o ganho? qual foi perda desta ousadia de tirar e repor? Não me refiro a cifrões, não senhor, refiro-me somente à cidadania. Responda cidadão. Responda, amigo, que vive em DEMOCRACIA.

 

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.