
Investigado desaparecimento de peças da paróquia do Santo Condestável
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"Quando soube o que se passou não me surpreendeu." Assim reagiu Cristina Silva, paroquiana do Santo Condestável, em Campo de Ourique, à notícia avançada quarta-feira pelo jornal "Público" de que está a ser investigado o furto de arte sacra na paróquia, pela Polícia Judiciária, e que o caso tem como arguido o anterior padre, António Teixeira. À porta da igreja, que frequenta há 55 anos, avançou logo que sempre ouviu "rumores".
"Sempre ouvi rumores de que as suas atitudes eram pouco corretas. Estava sempre a pedir dinheiro, dizia que no saco das esmolas, dos peditórios das missas, só apareciam botões", contou. Lá dentro, as palavras foram parcas, porque "os esclarecimentos são para dar pelo Patriarcado e pela Polícia Judiciária", atirou uma das voluntárias no acolhimento paroquial.
Dentro do templo, estavam muito poucos fiéis e a maioria não quis falar. Apenas um, que não deu o nome, referiu que "isto pode ser tudo o resultado de tricas".
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O novo pároco, Luís Almeida - em Santo Condestável desde outubro - não estava e não respondeu a outras tentativas de contacto.
Da igreja desapareceram várias peças, como paramentos, toalhas, castiçais, uma taça de prata dourada ou imagens do século XVIII, a partir do momento em que o anterior padre assumiu aquela paróquia em 2015.
O "Público" avançou que, segundo uma fonte próxima daquele pároco, as peças teriam sido vendidas a um antiquário para financiar as obras da casa paroquial e que havia faturas das transações. E acrescentou que outras peças terão ido parar ao lixo por estarem degradadas.
O JN tentou falar com o padre António Teixeira, que saiu do Santo Condestável em janeiro de 2017, mas sem êxito.
O Patriarcado esclareceu que "em março de 2017 chegou a informação do desaparecimento de várias peças de arte sacra na referida igreja" e que "imediatamente se determinou que o caso fosse apresentado à Polícia Judiciária". Adiantou ainda que, nessa altura, "o sacerdote em causa já tinha sido substituído, a seu pedido, no final do mês de janeiro, não desempenhando atualmente qualquer cargo pastoral". De janeiro até outubro, Santo Condestável esteve entregue a um administrador paroquial. Entretanto, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que assinou o prefácio do mais recente livro do padre António Teixeira, apresentado em dezembro, já disse que estava "surpreendido e chocado". "Não corresponde à ideia que tinha dele", afirmou.
NOTA: copiado e adaptado do «JORNAL DE NOTÍCIAS» online com partilha no Facebook