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terça, 29 janeiro 2019 11:28

REINO DA ESTUPIDEZ E PRAXES ACADÉMICAS

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O REINO DA ESTUPIDEZ (século XVIII)

Em 1986 encontrei na Biblioteca Municipal de Castro Daire um manuscrito que me prendeu a atenção e não descansei enquanto não soube se o mesmo já tinha sido estudado e publicado por algum erudito.
Tinha por título "O Reino da Estupidez". Apressei-me a tirar fotocópias dele e a remeter um exemplar para um SENHOR Professor da Universidade de Coimbra, a fim de ele me tirar as dúvidas.
Ele agradeceu-me o exemplar e disse-me que o manuscrito já tinha sido estudado e publicado pelo PROFESSOR LUIS ALBUQUERQUE.

Apressei-me a comprar um exemplar impresso e, pela mão desse historiador, fiquei a saber das andanças e araganças que ESTUPIDEZ fez lá pelas Inglaterras e pelas Franças, donde foi corrida e, assim sendo, acolitada pela RAIVA, SUPERSTIÇÃO, FANATISMO E HIPOCRISIA, fez de Portugal o seu REINO e da Universidade de Coimbra o seu TRONO.
Lembrei-me disto a propósito da polémica que se levantou sobre as PRAXES, as quais, pese embora aos seus ilustres defensores, parece encaixarem bem em "O Reino da Estupidez", esse poema crítico-satírico que todos os professores e estudantes deviam ler antes de "botarem faladura" sobre coisa tão estúpida, e coisa não menos estúpida fazerem nas instituições que se presume serem de estudo, socialização, crescimento igualitário e não de embrutecimento, sobranceria e de humilhação. 
Vi o debate de ontem à noite (22,30) na SICNOTÍCIAS precedido de algumas imagens. "Vocês os dois, baixem as calças, vá, não tenham vergonha, baixem os boxers, estiquem o dedo, assim como se fosse a apontar, metem, metam, gostam, gostam". Mas que porra é esta? É um exagero, é a praxe desvirtuada, é a exibição do poder e por aí adiante, tudo muito explicadinho, pelos pró, pelos contra e pelos assi-assim. Portugal tá bonito, tá!

Poema longo, este REINO DA ESTUPIDEZ. Portugal inteiro metido, à época, na Universidade de Coimbra, hoje disperso por outras cidades, Politécnicos e Universidades. Eis como acaba esse poema:

Com imensa alegria arrematada
A geral confissão de vassalagem:
- "Em paz gozai" - a Deusa assim profere -
"Da minha protecção, do meu amparo;
Eu gostosa vos lanço a minha benção.
Prossegui, como sois, a ser bons filhos
Que a mesma, que hoje sou, hei-de ser sempre".

Sim, sim! "bons filhos". A ESTUPIDEZ não se enganou e disse isto há cerca de 200 anos!

NOTA: publicado no Facebook em 29-01-2014, veio hoje ao mural no lembrete “VEJA AS SUAS MEMÓRIAS”. Procedi à migração dele para esta página hoje mesmo. O assunto não é inédito. Já o tratei mais demoradamente noutro texto, mas aqui fica este também.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.