Trilhos Serranos

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quarta, 20 março 2019 15:36

«TRÊS. A CONTA QUE DEUS FEZ»

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TRÊS, A CONTA QUE DEUS FEZ”

Ouvi esta frase quando ainda era pequeno. E, fosse pela rima, fosse pelo significado oculto que continha (e contém) ficou-me na memória para sempre. Claro que para isso contribuíram todos os “apegos” que a comunidade onde cresci tinha pelo número “três” e seus múltiplos, o que me conduziu, quando pude e soube, ao estudo do valor simbólico que alguns números imprimem na mentalidade humana, ao ponto de orientarem e condicionarem os comportamentos individuais e sociais. 

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Já desenvolvi o assunto no meu livro “MOSTEIRO DA ERMIDA”, para onde remeto os interessados e curiosos. Mas deixo aqui alguns exemplos: ele era as “três” badaladas repetidas das TRINDADES; ele era as NOVENAS, as «nove» voltas, os  “nove” dias, em torno dos templos no cumprimento de promessas; ele era os “nove” meninos a rezarem e receberem, por isso, um tostão cada, que todos somavam “nove” tostões; ele era os “nove” responsos referidos nos testamentos; ele era os “três vinténs” perdidos pela moça “desonrada” e “soma e segue, rompe e rasga, em frente marche”.

2A força de certos números é tal que, no verbo e na ação, se reproduz nas comunidades viventes, como o escalracho em terra de pousio.

Neste começo de primavera, 20-03-2019, dei por mim a olhar o limoeiro que tenho no meu pátio. Carregado de limões, dá-me gosto apreciar a árvore que plantei e os frutos que produz. Tem anos de idade, mas só hoje reparei que alguns dos seus ramos rematam com “três” limões. E lá veio a lembrança do “três, a conta que Deus fez”. E lá vieram com “três” pontinhos, como remate daquela assinatura, cujo fac-simile deixei na crónica que publiquei no meu site com o título “CASTRO DAIRE, REPÚBLICA,, MAÇONARIA, DITADURA” E, mais recentemente, em vídeo, por forma a não ser desmentido.

4BSão as coisas da natureza e a natureza das coisas. Agarrei na câmara fotográfica e captei as imagens. Não vão os céticos pensar que a idade (não tardam aí os 80 anos de vida) me levou ao delírio e que, fora da realidade, vejo o invisível. 

Não. Não é da idade. É do vagar, do poder de observação e da conexão que este meu computador pessoal faz dos dados registados em memória desde que foi ligado à corrente da vida e da natureza. É isso e repito: é a natureza das coisas. São as coisas da natureza.

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.