Trilhos Serranos

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sábado, 04 abril 2020 21:44

MUNDO DOENTE (7)

Escrito por 

PANDEMIA

Mercê do trabalho de investigação que tenho vindo a fazer na área das CIENCIAS SOCIAIS,  cujos resultados tenho divulgado em livros, jornais e no meu site TRILHOS SERRANOS (deixo de lado o MEU CANAL no Youtube, por agora) vem mesmo a propósito, neste tempo de «QUARENTENA»  trazer alguns “RESPIGOS DA MINHA SEARA”  com vista a fornecer aos meus amigos algo de entretenimento e ajudá-los a passar o  tempo de clausura e o isolamento que o CORONAVÍRUS impôs à generalidade de todo ser pensante e social.

 R1ARESPIGO - CópiaÉ que, mau grado a pouca importância doméstica, dada a esses meus trabalhos, foram eles que, em tempos, trouxeram até mim uma investigadora integrada num dos nossos INSTITUTOS CIENTÍFICOS, a solicitar a minha ajuda num projeto que ela pretendia levar a cabo.

Claro que, tendo eu glorificado a CIÊNCIA, há muitos anos, em letra redonda, como já deixei dito no apontamento “MUNDO DOENTE (6)” sob pena de não ser consequente comigo mesmo, prestei-me, na altura,  a dar o minha ajuda naquilo que me fosse possível e até onde os meus conhecimentos contribuíssem para o sucesso do projeto.

1-RESPIGO - CópiaOs primeiros contactos foram feitos por correio eletrónico, seguidos de telefone e depois encontros pessoais, aqui, em Castro Daire, onde a investigadora se deslocou, a fim de eu ser inteirado dos objetivos do projeto e, em que medida, lhe podia seu útil.

Tudo explicado e combinado, novas vindas, novos encontros, eis um ignoto investigador das CIÊNCIAS SOCIAIS a dar o seu contributo e a cooperar, no terreno, com uma investigadora de LABORATÓRIO. Eu de olhos postos nos manuscritos. Ela de olhos postos no microscópio.

2-RESPIGO - CópiaPessoa simpática e simples (cuja identificação omito por razões óbvias) como é próprio de quem, por natureza ou iniciação profissional induzida pelas entusiasmantes aulas dos professores, mais preocupada com a CIÊNCIA do que com o verniz das unhas, foi com gosto que me esforcei e contribui para a boa execução do trabalho.

3-RESPIGO - CópiaAbalou e, apurados que foram os primeiros resultados laboratoriais do objeto investigado, foram-me gentilmente comunicados por mail, em formato PDF ao que respondi congratulando-me com isso (como acima fica retalhado) e reiterei a minha continuada disponibilidade em benefício do seu trabalho e da CIÊNCIA.

Perante a minha disposição declarada de escrever uma crónica sobre o assunto, fui advertido que, por enquanto, era conveniente que tudo ficasse “no segredo dos deuses”. E, da minha parte, ficou mesmo.

Não era para mim novidade, esta atitude de “secretismo” existente entre investigadores. Coisa antiga. Reza a história que dois gramáticos romanos, quando se cruzavam no caminho, olhavam-se de soslaio interpelando-se mutuamente, em silêncio: “que andarás tu a investigar?”

GATES - CópiaMas essa postura foi mais acentuada nestes tempos modernos de consumismo e de concorrência. Tempos em que a CIÊNCIA e o cientista, metido no seu laboratório, em vez de ter a vista, exclusivamente, focada nos interesses da HUMANIDADE, se deixa atrair (ou é obrigado a isso)  pelos interesses da INDÚSTRIA e/ou do COMÉRCIO que, exuberantemente, se movem na lamela do seu microscópio. Se calhar com razão bastante para tal procedimento. A investigação exige financiamento e os dinheiros, em vez de engordarem os ordenados dos investigadores e instituições afins, engordam os ordenados dos jogadores de futebol e instituições quejandas, neste MUNDO DOENTE. Neste MUNDO DE LOUCURA.

E foi a pensar nisso, no exercício desse secretismo entre instituições e profissionais do mesmo ofício, que eu, face ao ataque do  CORONAVÍRUS,  socorrendo-me da sabedoria popular, convoquei os adágios populares:

 males que vêm por bem.

- Para grandes males grandes remédios.

Face ao que, considerando “este um deles” (O CORONAVÌRUS) alvitrei que ele contribuísse para “apurar o faro dos nossos cientistas”. Era altura de eles abrirem as suas capelas e começarem a partilhar os seus segredinhos.

Tudo isto antes do último programa “Prós e Contras” da RTP1, onde a jornalista Fátima Ferreira insistiu para que o virologista Luís Graça, do Instituto de Medicina Molecular, arriscasse um prazo para a existência de uma vacina. Cauteloso disse que talvez “dentro de dezoito meses”, mas não foi categórico. O que podia garantir era que nunca, como agora, “houve tanto esforço coordenado entre institutos científicos e outras instituições” no sentido da sua produção.

Pois, quem é que neste mundo de investigação, tem certezas? Eu, pelo menos, apesar das louváveis tentativas dos cientistas, vejo “andar tudo à nora”  (tal como disse em crónica anterior) e não sou suficientemente esperto para me sentar à mesa com quem, neste mundo tão incerto, tanta certeza tem.

Visível é o embrulho social de angústia, medo e ansiedade que vitimou a humanidade.

Palavras ditas e escritas. RESPIGOS DA MINHA SEARA.

PLATAFORMA-1 - CópiaDepois de todas estas minhas reflexões, pensamentos e desejos, envolvendo as INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS e seus PROFISSIONAIS, apelando ao que delas e dels se espera em prol da HUMANIDADE, eis que, esta manhã (04-04-2020) ouço na rádio e depois vejo na televisão que foi criado o “SCIENCE4COVID-19” uma PLATAFORMA ONLINE QUE PERMITA PARTILHA DE IDEIAS E PROJECTOS ENTRE CIENTISTAS”.

Porra! Já não era sem tempo. A BEM DA HUMANIDADE.

PLATAFORMA-2 - CópiaFoi nesse sentido, a BEM DA HUMANIDADE, que dei a minha colaboração (e assim me expressei, na altura) àquela senhora investigadora a quem acima aludo e me ofereci para, A BEM DA CIÊNCIA, escrever uma crónica divulgando os resultados.

É que eu continuo fielmente crente na CIÊNCIA e dela faço o SANTUÁRIO  donde espero os MILAGRES.

E aproveito para pedir aos meus amigos que não me enviam para a caixa do correio os santinhos da vossa devoção com orações  a pedr a sua intervenção para que a «COVID-19» vá pregar a outra freguesia. Nesta casa têm lugar todos os ideários políticos, religiões e cores, mas  se eu respeito o que cada um pensa a tal respeito, respeitem também a minha forma de pensar e agir. Se me leem sabem bem que estou noutra.

Congratulo-me, pois, por ver implantada no país aquela PLATAFORMA  CIENTÍFICA e sobretudo pela atitude COOPERANTE entre CIENTISTAS, que, por antecipação, dei prova de ser necessária e humana. Ainda bem.

E pronto. Com isto ponho na prateleira os “RESPIGOS DA MINHA SEARA”. Os meus «amigos» já têm aqui com que se entreter um bocadinho durante esta QUARENTENA!

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.