Já antes da publicação dessa carta, eu tinha mostrado o meu desconforto com a PRISÃO do Sócrates e, a serem verdadeiros os crimes de que é acusado, a minha DESILUSÃO por ter acreditado nas suas palavras e nas suas políticas, sobretudo nas da EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO E APOSTA NAS NOVAS TECNOLOGIAS. Incrédulo naquilo que se passava, afirmei ter uma "réstia de esperança de que ele viesse a provar ser uma pessoa honesta", já que, sendo o contrário, outro remédio não teria senão reconhecer a minha INGENUIDADE e aceitar que ele é o PINÓQUIO de que o acusaram durante os seus governos, ainda que, ultimamente, tenha visto na pantalha televisiva uma senhora, cujo nome ignoro, que, essa sim, lembra bem tal FIGURA.
Face a tudo isto e com a declaração de que não sou amigo pessoal de Sócrates, nunca lhe apertei a mão, nem beneficiei de qualquer favor político seu, sinto-me na obrigação de publicar aqui a sua primeira reacção pública, dita em sua DEFESA. Roubei-a num desses jornais que a publicaram. Assim:
"Em 26 de Novembro de 2014
Há cinco dias "fora do mundo", tomo agora consciência de que, como é habitual, as imputações e as "circunstâncias" devidamente selecionadas contra mim pela acusação ocupam os jornais e as televisões. Essas "fugas" de informação são crime. Contra a Justiça, é certo; mas também contra mim.
Não espero que os jornais, a quem elas aproveitam e ocupam, denunciem o crime e o quanto ele põe em causa os ditames da lealdade processual e os princípios do processo justo.
Por isso, será em legítima defesa que irei, conforme for entendendo, desmentir as falsidades lançadas sobre mim e responsabilizar os que as engendraram.
A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espetáculo montado em torno dela uma infâmia; as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas; a decisão de me colocar em prisão preventiva é injustificada e constitui uma humilhação gratuita.
Aqui está toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder - de prender e de libertar. Mas, em contrapartida, não raro a prepotência atraiçoa o prepotente.
Defender-me-ei com as armas do Estado de Direito - são as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democrática que será resolvido.
Não tenho dúvidas que este caso tem também contornos políticos e sensibilizam-me as manifestações de solidariedade de tantos camaradas e amigos. Mas quero o que for político à margem deste debate. Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.
Este processo só agora começou.
Évora, 26 de Novembro de 2014
José Sócrates»