Tomando partido nas hostes liberais, na Revolução de 1820, contribuiu financeiramente para a causa de D. Maria II. A Rainha, agradecida, elevou-o a barão em 1842, a visconde em 1843 e a conde em 1856. Foi Par do Reino, fidalgo cavaleiro da Casa Real, do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, comendador da Ordem Militar de Cristo e grã-cruz da Ordem de Isabel a Católica e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Foi um dos grandes impulsionadores da instrução pública em Portugal. No seu testamento deixou uma verba destinada à construção e mobília de 120 escolas primárias de ambos os sexos em terras que fossem cabeças de concelhos, todas com a mesma planta e com habitação para o professor, sendo depois de terminadas entregues às respectivas juntas de paróquia. O seu custo por unidade não deveria exceder 1 200$000.
Os objectivos dessa sua postura política, social e cívica ficaram expressos no seu testamento da seguinte forma:
«Convencido de que a instrução pública é um elemento essencial para o bem da Sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para escolas primárias de ambos os sexos nas terras que forem cabeças de concelho sendo todas por uma mesma planta e com acomodação para vivenda do professor, não excedendo o custo de cada casa e mobília a quantia de 1200 reis e pronta que esteja cada casa não mandarão construir mais de duas casas em cada cabeça de concelho e preferirão aquelas terras que bem entenderem»*
Foi graças a este homem que Castro Daire viu pela primeira vez a sua escola pública, aquela que chegou até aos nossos dias. A sua sucedânea foi a Escola António Serrado, onde actualmente é o Mercado Municipal. Outro filantropo a quem Castro Daire Muito deve.
No edifício Conde Ferreira (junto ao antigo Hospital da Misericórdia) aprenderam as primeiras letras muitas pessoas de Castro Daire. Mas, chegadas que foram as outras escolas, suas sucedânas, este espaço desempenhou as mais diversas funções: foi sanatório de tuberculosos, foi centro de saúde, foi sede de Junta de Freguesia, foi espaço para ensaio de música e é actualmente a sede da Associação do Castelo.
Creio não ser despiciendo sugerir a esta Associação e ao Executivo Municipal que ponham uma lápide na sua frontaria com a biografia resumida deste filantropo. É certo que no frontispício, como se vê na foto anexa, está o seu título de nobreza e a data de 1866 (data do seu falecimento), mas ninguém sabe quem foi este cidadão, para além de CONDE.. É a marca clara da INGRATIDÃO dos nossos autarcas.
Abílio/04/11/2015
* cf. wikipedia "Escolas Conde Ferreira"