Trilhos Serranos

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terça, 17 maio 2016 13:12

ERMIDA DO PAIVA VII

Escrito por 

 

ERÓTICO NA ARTE ROMÂNICA

Quando, em 24 de Abril último, publiquei a crónica sobre a ERMIDA DO PAIVA VI,  ilustrada com uma fotografia mostrando o seu enquadramento paisagístico, aludindo a Pinheiro e Vila Seca lá ao fundo, dado tratar-se de uma vista EXTERIOR, um "amigo", à laia de "comentário", adicionou-lhe uma foto com uma vista do INTERIOR, mas sem qualquer legenda que elucidasse de que imagem se tratava e de quando era datada, mesmo que se inferisse, facilmente, tratar-se do mesmo tempo visto por dentro.

 

Altar-mor - REDZFace a isso, apressei-me a pedir-lhe que adicionasse uma LEGENDA à foto, uma vez que é timbre desta página ficar aqui tudo muito bem EXPLICADO, no entendimento de que ela é de APRENDIZAGEM e não apenas de ENTRETENIMENTO.

 No dia seguinte fui surpreendido com a retirada da foto e com ela o meu pedido de legendagem. Mas esse meu "amigo" (cujo nome omito, por razões óbvias, se quiser tem a página por sua conta para sejustificar, se assim o entender) explicou-me, em PRIVADO, as razões da sua atitude. Assim: 

«Caro Abílio, ontem tinha colocado, oportunamente, uma foto do interior da Ermida do Paiva, na sua publicação onde só tinha colocado fotografias do interior. Após o seu comentário achei, a Bem da Nação, retirar a fotografia, em vez de termos dado origem a um salutar diálogo e troca de mais informação e imagens, como seria desejado, abç».

Como li no «A Bem da Nação» uma certa ironia,  respondi, na volta do correio, também em PRIVADO:

Ala sul - Cópia«Gostei do a BEM DA NAÇÃO. Só pedi que legendasse a foto, pois é essa a marca da minha página. TUDO EXPLICADINHO. É um velho vício profissional, como referi. Entendeu retirar a foto e eu estranhei isso, pois mais fácil era LENGENDÁ-LA. Não era preciso DIÁLOGO nenhum e eu creio que ainda falo português. Mas retirada a sua, irei, na primeira oportunidade, colocar uma minha. De resto, tudo bem. Apareça se lhe agradar e vir nisso proveito. É para isso que serve o FACEBOOK»-

Ora chegou agora o momento de cumprir o que prometi publicamente, não apenas a esse meu "amigo", mas a todos os outros que me acompanham nesta tarefa da divulgação do nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO e, se possível, contribuir para o entendimento do significado simbólico de algumas das suas esculturas ou gravuras, dispersas pelas pedras que dão corpo ao templo, nomeadamente alertar os CRENTES para o ERÓTICO ROMÂNICO presente nesta igreja, como nas outras a que já aludi nas crónicas anteriores e na sequência do que deixei escrito no meu livro «Mosteiro da Ermida» editado em 2001.

E, modéstia à parte,  não é sem algum regozijo que, tendo eu abordado o tema sob esse ângulo, em 2001, o veja abordado agora em crónicas de estudo posteriores, inclusive, o CANAL HISTÓRIA que se pôs a deambular pelas Igrejas românicas da Cantábria na sudável tentativa de  levar ao mundo uma explicação mais alargada e fundamentada.   

ET - ReduzFotograma do Canal História-2 - CópiaPor isso, hoje, além da foto, deixada acima, mostrando o seu INTERIOR, junto outra, onde se vê claramente que entre dois MODILHÕES que suportam a cornija, um  deles desapareceu. Tendo nós presente o modilhão com uma figura masculina esculpida com avantajado sexo (aqui reposta para melhor lembrança) cabe perguntar se ali não estaria uma figura feminina, em idêntica posse, o que terá contribuído para  seu desaparecimento.

A pergunta tem sentido e encontra resposta no capitel de uma dessas igrejas filmadas pelo CANAL HISTÓRIA. É só ver o fotograma aqui ao lado, extraído desse vídeo. Claro que, tratando-se de um CANAL DE HISTÓRIA, busca no ERÓTICO ROMÂNICO uma interpretação DOUTRINAL, aceite pela Igreja na época, isto é, incentivar à procriação num tempo em que faltavam homens para  a RECONQUISTA CRISTÃ. Interpretação que escapa, seguramente,  às mentes «sacristas e beatas» dos nossos dias, mentes que hoje olham para aquela arte e, vendo nessas imagens um escãndalo,  se sentem tentadas a botá-las abaixo ou amputá-las. São mentes que se recusam a aprender HISTÓRIA e a buscar na documentação, manuscrita em pergaminho ou esculpida em pedra as ideias e os valores que imperavam na época, sem a maledicência que lhes foi incorporada na linha do  «rigorismo de S. Bernardo» e outros que tais. 

Ora, parem, escutem, ouçam, olhem e pensem...

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.