Trilhos Serranos

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domingo, 04 setembro 2016 08:39

TERMAS DO CARVALHAL - 2012

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SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL

Hoje tão falada e analisada por intelectuais, políticos, sociólogos e tantos mais, não resisto a transcrever para aqui em texto plantado no jornal "A União" que se publicava em Castro Daire, em 1912. Isto a propósito de um empreendimento que o autor propunha para as Termas do Carvalhal. Assinando somente com as iniciais "J.S." eis o seu ponto de vista, mais amplamente desenvolvido no meu site actual. Ora vejam:

"Assim como os presentes contribuíram com o seu esforço, com o seu trabalho, com os seus haveres, com as descobertas da civilização, com os primores da educação, para que os vindouros se aproveitassem de tudo isso, justo e legítimo é que esses vindouros compartilhem um pouco do sacrifício e do esforço que tais benefícios e aperfeiçoamentos produziram e eles herdaram. É mesmo dever seu, pois não é moral, não é grato que se receba uma herança avantajada, sem um movimento compensador. E é mesmo económico, pois a experiência prova que aquelas fortunas para as quais nós contribuímos com alguma coisa do nosso suor, da nossa alma são sempre mais estimadas, mais poupadas e mais fecundas do que aquelas que herdamos simplesmente como uma espécie de riqueza de acaso, de sorte, de nascimento, caindo do céu aos trambolhões. Essas, em geral, voam, evaporam-se e raro é que alcancem a 2ª ou 3ª geração.Portando julgo ter provado que, se amanhã, os habitantes do concelho de Castro Daire que então existirem herdarem da geração presente uma dívida nada terão que estranhar pois, a par dela, herdaram a obra a que o respectivo capital foi aplicado e que se sobra é mais que suficiente para amortizar e solver essa dívida.E ao mesmo tempo que isto acontece, vamos nós apreciando e gozando um pouco com o dinheiro que há-de ser pago, pelos que hão-de vir».Nota minha: onde é que os meus amigos estão fartos de ouvir isto? Ele é na rádio, ele é na televisão, ele é nos blogues, ele é todo o comentador e economista encartado. Pois bem, este nosso J.S., em 1912, era assim que defendia o projecto para as Termas do Carvalhal, com urbanização da área circundante e tudo. Uma autêntica ESTÂNCIA TERMAL. Ninguém o ouviu e o que temos lá hoje? Um edifício isolado umas banheiras dentro, umas massagens, uma mangueiras de esguicho e, em redor, NADA. Dizem-me que há projectos novos para revitalizar as TERMAS. Pois seja. Mas por mais inovador que seja o "desenho" do edifício, será sempre e só um espaço com "coisas" dentro. No exterior, prédios, casas, caminhos, alcatrão, paralelos e demais "modernidades" certamente importadas, se calhar "agrafadas" como nas grandes cidades.

(Publicado no facebook em 04 de setembro de 2013)

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.