Trilhos Serranos

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sábado, 11 janeiro 2025 07:24

ESTAÇÃO MARVÃO-BEIRÃ

Escrito por 

MARVÃO E CASTELO DE VIDE

Rescaldo das minhas recentes andanças por terras que fazem a fronteira entre o Alentejo e a Beira.

 

A ESTAÇÃO

Eu, beirão,

Nesta fronteira

Entre o Alentejo

E a Beira

Paro, escuto, olho

E vejo

Nesta ferrovia “Beirã

Marvão”

Um molho

De silêncio moribundo

Metido em caixão de ferro e chumbo,

Do mundo

De tempos idos

Só os carris

Linhas paralelas

A imitarem funis

No fim delas.

O edifícios identificados

Os azulejos pintados

Gentes, rios, fontes, monumentos

Livro aberto

Páginas de conhecimentos

Ao dispor do passageiro que, de perto

Ou de longe, vem em passeio

Em visita, trabalho, recreio

E aqui se apeia e espera.

O relógio está parado.

Os ponteiros

Indicam “um quarto para as cinco”.

Mas eu, beirão contemplativo,

Absorto

Neste mundo morto,

Nesta estação

Beirã-Marvão

Sinto

Uma epifania:

Inesperadamente

(Que fixação, que mania)

Ouço nitidamente

O arfar da locomotiva

“Pfaf…pfaf…pfaf…

Alivia-se-me a dor.

Das carruagens engatadas

(Qual comboiada de lagartas

De pinheiros)

Surge u mar de gente em redor

Apeiam-se adultos, crianças

Portugueses e estrangeiros.

O passado resuscitou

A ouvidos e vistas minhas

Carruagens deslizam nas linhas

E os passsgeiros

Bagagens, monta-cargas e bagageiros

Cada qual no sru afã

Enchem e animam agora

(Qual é o dia, qual é a hora?)

A ESTAÇÃO

De MARVÃO-BEIRÃ.

ESTAÇÃO

Abílio/janeiro/2025

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.