Trilhos Serranos

Está em... Início Poesia JANELA DE GUILHOTINA
segunda, 24 agosto 2020 12:34

JANELA DE GUILHOTINA

Escrito por 

COISAS SIMPLES

 

Por históricas escolhas,

No meio urbano ou rural

Dividida ao meio

Na horizontal

A janela

De guilhotina

Tem duas folhas,

De tamanho igual.

 

abilio 2Com um entalhe lateral

Feito

No caixilho

Por mestre carpinteiro

(Entalhe ou calha)

Não há sarilho

(Como dizer?

Segundo, primeiro)

Ou coisa que valha

Naquela arte e jeito

De “saber-fazer”

Aquela vedação vidrada.

JANELASA folha debaixo

Corre para acima

E assim encaixilhada

Aberta fica

Pelo meio

Escancarada

A janela de guilhotina.

DUPLAaSuspensa na dobradiça

(Posta de ambos os lados)

São polegares dobrados

Descansos” chamados

Cabeça redonda

Recortes metálicos fatiados

De bustos humanos

Em plinto quadrado

Para baixo virados,

BUSTO - CópiaOlhos no chão

Ali colocados

(Não há quem esconda)

Ai não há, não,

Para segurança

Sem danos

De homem, mulher ou criança,

E postos a preceito,

O morador descansado

Naquela sua rotina

(Não importa a idade

E a hora)

Abre a janela

De guilhotina

E a metade

Suspensa pelo meio,

Ele, cabeça de fora

No parapeito,

Debruçado,

Atento e mirante

Fala com o passante

Sem receio

De ser guilhotinado.

DUPLAaPequenina

De tamanho

E grande na utilidade

Essa peça

Da janela de guilhotina

Não tarda desaparecida

Sem rosto, resto e rasto.

JANELA-2Mas não se vai, sem que mereça

O meu tempo gasto

Num poema assim.

E se despercebida

Ficou à sensibilidade

De outros poetas,

Não ficou despercebida a mim.

Agosto/2020

Ler 962 vezes
Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.