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sábado, 05 agosto 2023 12:04

LAMELAS «PEGADAS NO TEMPO E NO ESPAÇO» (DOZE)

Escrito por 

HISTÓRIA

Assumido lenhador na FLORESTA DAS LETRAS,  primeiro historiador, poeta e escritor natural do concelho de CASTRO DAIRE, com assento no menu «Discovery & Science» de "NOTABLE PEOPLE" ( https://tjukanovt.github.io/notable-people) disponível no GOOGLE, para respeito dos estudiosos e  despeito dos imbecis,  eis-me de podão em punho a penetrar mato dentro e deixar mais algumas clareiras abertas na área do conhecimento relativo a estas PEGADAS NO TEMPO E NO ESPAÇO, de LAMELAS.

  C - LAMELAS - CRUZEIRO ALUSIVO À INDEPENDÊNCIA E RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL

1- LamelasNas duas crónicas anteriores sob o título em epígrafe, em torno do CRUZEIRO comemorativo dos CENTENÁRIOS DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL (1139) e RESTAURAÇÃO (1640) levantado no MONTE DA CABEÇA, em 1940, falei de HISTÓRIA autêntica com gente dentro. Falei do usufruto comunitário desse monte pelas populações circunvizinhas e disse que Santa Margarida era COVELINHAS no século XIII e que VILA POUCA, em 1758, coexistia com SÃO PAIO, tal como escreveu o Padre Encomendado Patrício Costa Peixoto, ao identificar e descriminar os templos e oragos que existiam na Paróquia de Castro Daire, dentro da vila e fora dela.

Sobre S. Pelágio, orago do templo que existe naquela povoação,  já escrevi extensa crónica no meu velho site "trilhos-serranos" com título «O Culto de Heróis e Santos», dois dos quais vinham a ser o guerreiro Pelágio que, em Covadonga, nas Astúrias, deu início à Reconquista Cristã, contra os mouros e o menino do mesmo nome, cativo do Emir Abdmarrão III, menino que veio a subir aos altares  por ter resistido às investidas sexuais do Emir. Daí S. Pelágio, S. Pelaio, S. Payo, que derivou para o apelido "Sampaio" que abunda hoje entre nós, ao contrário de "Pelágio" que, sendo frequente no século XIII, deixou de aparecer nas Pias de Batismo há muito tempo. Quem é que atualmente dá o nome Pelágio a um filho ou afilhado? Quer dizer, morreu o nome do soldado, do guerreiro, do herói de Covadonga, mas permaneceu vivo o do menino que subiu aos altares. No concelho de Castro Daire não conheço atualmente nenhum Pelágio, de nome próprio, mas conheço dois S. Pelágios: um em Vila Pouca (antiga São Paio) e outro em Vila Boa, freguesia de Mões.

S.PelágioV.Pouca-ReduzMas vejam como esse nome era comum e generalizado no século XIII, mais rigorosamente em 1258, alguns deles com o título de DOM anteposto ao nome próprio, tudo extraído das Inquirições de D. Afonso III:

Reriz, isto é, na Quinta do Rabaelo: Martinho Pelágio; Alva: Gontina Pelágio; Carvalhal: Pedro Pelágio; Arcas: Pelágio Rodrigo, prelado da Igreja de S. Miguel Mamouros; Casal: D. Pelágio e Pelágio Moniz; Ribolhos: Pedro Pelágio e Martinho Pelágio filho de Plágio; Castro Daire: Mauro Pelágio, juiz; Braços: Pelágio Pedro; Farejinhas: D. Pelágio, Pelágio Mendes e Martinho Pelágio; Lamelas: Pedro Pelágio filho de D. Pelaio, Pedro Mendes e Pelágio Pedro; Covelinhas (1): Miguel Pelágio, Lourenço Pelágio, João Pelágio e Pelágio, filho de Pelágio, ambos testaram à Igreja de Castro Daire, duas leiras foreiras ao rei, de jugada, sitas no termo de Covelinhas: uma em Vale Cuterra e outra perto de Rosada; Folgosa: D. Pelágio, Pedro Pelágio, pai de D. Pelágio; Pedro Pelágio Pereira, sogro de D. João de Folgosa; Folgosinha: João Pelágio; Mosteiro: Pedro Pelágio; Baltar: Maria Pelágio, D. Pelágio, Mendes Pelágio; Domingos Pelágio, filho de Pelágio Domingues; Fareja: Martinho Pelágio filho de Pelágio Mendes; Pelágio Pedro, neto de Maria Pelágio; Ribas: Miguel Pelágio e Martinho Pelágio; Moção: D. Pelágio; Gandivao (2)  (hoje Póvoa do Montemuro): Garcia Pelágio; Parada: João Pelágio, prelado da Igreja de São João de Parada; este prelado disse que viu D. Lourenço Pelágio possuir a terra de Parada vindas da mão de D. Pedro Portucalense, seu sogro, e este deu um seu escudeiro, Estêvão Viegas, vilão Dornelas e Vila Maior, metade destas duas vilas; Nodar: Gelvira Pelágio Gaga; Savariz: Pedro Pelágio e Pelágio Pedro; Pelágio Chão, dono da quinta.

 

Perguntar-me-ão a razão por que repesquei para aqui toda esta informação histórica que, aparentemente, nada tem a ver com o CRUZEIRO CENTENÁRIO ereto no MONTE DA CABEÇA. Pois bem, direi que tem tudo a ver na medida em que a História com gente dentro é um entrelaçar de fios que, uma vez unidos ou aproximados, ajudam a perceber o que nunca foi dito nem escrito.

capa Livro Afonso Henriques renovada - Cópia

Então eu não falei de São Paio (bairro coexistente com Vila Pouca) uma das povoações usufrutuárias daquele monte e o próprio orago vítima da RECONQUISTA CRISTÃ, evento histórico em que também viria a ser envolvido Afonso Henriques, o protagonista da Batalha de Ourique, lembrado no monumento que naquele monte foi levantado em 1940?

Teremos de dizer algo mais sobre este sítio denominado  «MONTE  DA  CABEÇA», em Castro Daire, a ver Lamelas, semelhantemente ao «MONTE DAS CABEÇAS», em Castro Verde, a ver os Campo de Ourique e «MONTE DAS CABEÇADAS» sobranceiro à povoação de Grijó, a ver Reriz. O que terão eles de comum entre si? No meu livro «AFONSO HENRIQUES, HISTÓRIA E LENDA», cuja capa ilustra este apontamento, desenvolvi a resposta a tal pergunta.

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.