quarta, 25 junho 2014 13:30
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
CUJÓ - O TOPÓNIMO
No meu livro «Cujó, uma terra de riba-Paiva», publicado em 1993, deixei um capítulo sobre o «topónimo» discordando da explicação inserta na «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», cujo autor remete para o étimo latino «culiolum>cuios>cu(i)jo», termo ligado à plantação de nogueiras, coisa bastante inverosímil na zona, já que, em todo o tempo, o que ali abunda são carvalhos, castanheiros e amieiros, aos quais se juntou, depois, o pinheiro. Em alternativa, propus, julgo que mais acertadamente, o étimo «caseus>queijo>cuijo>cujo» (justificando a proposta), opinião que retomei e desenvolvi mais tarde com respaldo no saber do latinista, Professor Dr. Francisco Cristóvão Ricardo, que se deu ao trabalho de explicar a possível evolução fonética da palavra, na qual aparece de permeio «quijo» antes de «cujo». (cf. site «www.trilhos-serranos.com»)
«Certo dia, sem dúvida um dos poucos que por li andava sozinha, dia em que apenas por ali passara uma comitiva de nobres a caminho de uma caçada, estando ela, roliça, deitada no chão, seios espetados no ar, olhos semicerrados, meio a dormir, meio acordada, embalada pelo zumbido das abelhas, pelo tilintar das campainhas com a ajuda do sol estival que não se contentava em beijar-lhe o rosto, mas penetrava fundo esquentando-lhe o corpo esbelto que um vestido serrano encobria, aconteceu o inesperado. Sem o alarido costumeiro dos outros pastores e crianças, foi junto do Penedo da Vezeira que ela descobriu a magia que envolve os montes, as rochas e as fontes em momentos de solidão.
Publicado em
História
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.

«De Nordeste haviam-se aparelhado para a acometida as povoações bárbaras de Várzea da Serra, Almofala, Monteiras, Quijó, que sonham há mil anos com a "batalha que um dia se há de travar na sua terra chã imensa para depois se acabar o mundo". Rostos esculpidos no granito e recobertos de musgo, com burjacas de burel ao ombro, socos de tromba alta, apresentavam daquela banda, mercê das foices, estadulhos de carvalho, lazarinas, uma estrepe de levar tudo a raso. Conduzia-os um alentado cura, pai de filhos e famoso batedor de lebres. Gente dos olhos leais, espantados, não eram menos que duzentos.