Cedo aprendi o que era um ARREIO e cedo aprendi a distinguir uma albarda, de uma sela, a sela de um selim, o cinto de um homem da cilha de um solípede. Um cabresto de uma rédea. O que era uma aguilhada e o que era uma arreata. Cedo aprendi, por ouvir dizer ao meu pai, que almocreve precavido era o que "conhecia bem a besta que aparelhava", pois nem toda eram fáceis de aparelhar e algumas só muito a custo se submetiam ao arreio, ao "aparelho". Recusando-se a ser montadas, recebendo a contragosto o arreio e o freio, desferiam coice quando menos se esperava. E se apanhavam o freio nos dentes, cuidado, lá ia cavaleiro e aparelho pelo chão, ou para qualquer lado. Mas isso só acontecia com animais que tivessem personalidade, que tivessem caracter, diferentes de muitos homens que, submetidos ao "aparelho", com o arreio em cima, só aparelhados vivem, só assim têm nomes, e, nessa submissa condição, nem conta se dão de serem levados pela arreata, nem conta se dão de serem pilecas de feirantes a puxarem carroças, carregadas de mercadorias contrafeitas, falsas, prontas a serem vendidas e consumidas por cidadãos incautos nesta mercancia do mundo.
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