Trilhos Serranos

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sábado, 25 dezembro 2021 14:15

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

Escrito por 

ENTERRO

No alto da esguia torre

Dobram dolentes os sinos

E a sua voz plangente

Dlem...dlam...dlem...dlam...

 

Cujó-Igreja-2Leva às quebradas dos montes

Carreiros e caminhos,

Vales, rios e fontes

Distantes e vizinhos

A novidade:

Alguém morreu

E vai a caminho da eternidade.

No alto da esguia torre

Dobram dolentes os sinos

E a sua voz plangente

Dlem...dlam...dlem...dlam...

 

Comanda a procissão lenta,

Silenciosa que, atrás do caixão,

Olhos postos no chão,

Reza baixinho o Pater Noster

Pelo padre começado,

Enquanto água-benta

Esparge sobre o corpo do finado.

Dlem...dlam..dlem...dlam...

torreQuem morreu? Um faraó? Um rei?

Um imperador? Um general? Um capitão?

Não, não!

Foi um homem simples, um cristão

Um cavador, um aldeão

Homem bom, um homem são

Que a todos deixa saudade.

E as pessoas que ali vão

Não fingem amizade

Não vertem lágrimas de falsidade.

Ali, as únicas carpideiras de profissão,

Aquelas que de quem morre

Não se aproveitam, não,

São aquele metal de fundição

Lá no alto da esguia torre

Dlem...dlam...dlem...dlam...

https://youtu.be/o1sBKVyzNnE

 

Abílio

 

NOTA: poema publicado no meu antigo site e migrado hoje mesmo para este novo espaço.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.