Trilhos Serranos

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terça, 28 dezembro 2021 15:26

OLHAR, VER E SENTIR

Escrito por 

SENSIBILIDADE HUMANA

Que tem, Professor?

Pergunta-me alguém

Que olhos na cara tem

Para ver.

 

Que houvera de ser?

Efeitos da ressaca festivaleira

Do Natal.

 

ferreroNão é a vez primeira

Que, depressivo

Presente,

Ausente

Estou, longe e pensativo

Sem ponta de humor

Pegado no rosto.

 

É feitio? É desgosto?

Mas o brilho

Dos olhos que me olham

Projetando a humanidade

De quem é gente,

Seja amor

De filha ou de filho,

Ou amizade

Simplesmente

Levantou-me o astral.

 

ferreroE como se não chegasse tal

Num gesto humano,

Inesperado

Sincero,

Lindo,

(Não é engano),

Estendeu-me a mão

E num genuíno tom

De voz

A sós,

Só ouvida por nós

Deu-me “algo de bom”

Deu-me um “Ferrero”,

Sorrindo.

 

E, sempre de olhos em mim,

Acrescentou: “não gosto de vê-lo assim, 

Professor!"

 

E o gesto inesperado

Daquele terno olhar adocicado

(Se calhar com pena)

Num instante virou poema.

 

Abílio/pós natal 2021.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.