Trilhos Serranos

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sábado, 09 abril 2022 19:08

O SAL E A ESTÁTUA

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A ESTÁTUA



O sal

Mesmo que seja

Sal-gema

Fácil é de moldar

Pelo escultor que o maneja

E, na abordagem de um tema,

Qualquer que seja,

Troca o BEM pelo MAL

destroçosEscultura tal

Dispensa ponteiro

Dispensa maceta

E basta

Uma espátula da madeira

Para, ao jeito de escultor,

Maneta

E rasca

A pôr 

De pé, aprumada

Acabada,

Sem sentimento, nem dor

E tal qual, 

bombasSalgada,

A expor

Aos olhos e paladar

De quem perdeu o sabor

Da razão e do AMOR.

É o escultor

Que me chega pelo correio,

Julgado expedito

Em tudo o que é ouvido

Lido e visto,

Mas que eu já não leio.

Ele prefere o troar dos canhão

O silvo do míssil balístico

odessaA sua destruição

Tudo isso,

Estrondo após estrondo

Remessa após remessa

A barbárie animalesca

Tiro atrás de tiro

Em contraponto

Com a pacífica

E cultural

Ópera de ODESSA

Que eu prefiro.

É mais ao meu jeito.

E seguro estou, assim,

De que o sal

Na água desfeito

À estátua dará fim.

ABÍLIO/09/04/2022

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.