
Passou anos a abrir e a fechar portas
Dar segurança foi toda a sua vida.
E depois de ver tantas vidas mortas
Caiu num monte de lenha, desvalida.
Deu por isso tudo um poeta, atento
Àquilo que as coisas têm de humano.
Pegou-lhe e deixou voar o pensamento
Para o seu passado, tanto, tanto ano.
Levou a madeira, o trinco e a fechadura
Num estado tal que metia dó, tão danificada
E com horas de trabalho e jeito, restaurada
Devolveu-lhes o rosto e a vida numa moldura.
Saída, assim, daquele monte de lenha
Vê-la, salva e emoldurada, quem diria?
Futuras gerações humanas e o mais que venha
Verão nela uma escultura de rústica galeria.
Abílio/maio/2025
LINK :TODAS AS FASES DE RESTAURO: https://youtu.be/T74rLwy5i9Y?si=O3fZde19bkZYJrwL