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sexta, 01 janeiro 2016 19:35

ENCONTRO DE AMIGOS

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Fiquei a saber pelo telefone (iniciativa sua) que o meu amigo algarvio, colega que foi de liceu em Lourenço Marques, de seu nome completo Bertino Sequeira Nunes, hoje professor de História aposentado,  vinha fazer a PASSAGEM DE ANO no HOTEL ASTÚRIAS, no Carvalhal, integrado num grupo de 50 pessoas. Andariam por Lamego, por Viseu e arredores de Castro Daire.

ASTÚRIAS-2 REDRegressados ao hotel era uma boa altura para nos vermos depois de tantos anos passados. Aquele espaço de restauração, recentemente ampliado e melhorado, seria o local de encontro para relembrarmos as peripécias de estudantes próprias da idade e reconstituirmos memórias do contexto sócio-estudantil em que nos movíamos nessa altura.
Combinada a hora, foi com muito gosto que me desloquei de Fareja ao Carvalhal e conjuntamente com a sua companheira, a bebericar um café e uma Macieira, falámos do esforço que fizemos no estudo, nos aspectos da descolonização e de nomes de amigos que mantivemos por perto ou que perdemos para sempre nos trilhos da vida.
Sempre o tive o Bertino como um colega empenhado em vingar na vida através dos estudos e não foi surpresa minha sabê-lo formado em História, a leccionar num liceu de Lisboa, com viagens frequentes de comboio ao Algarve na companhia do Dr. Francisco Cristóvão Ricardo, natural de Almancil, passageiro que, coincidentemente, tinha sido professor de ambos, também ele a exercer a docência na capital.


São assim as encruzilhadas da vida. A descolonização dispersou amigos e conhecidos, a maior parte dos quais nunca mais souberam uns dos outros. Não foi assim com o Bertino, não foi assim com esse nosso professor, nem foi assim com o Pedro Antunes, outro colega de liceu que, tendo optado por Direito, seguiu a carreira da Magistratura e acabou, recentemente, jubilado na categoria de Juiz Desembargador. Uma geração de estudo e de sucesso. Os tempos eram outros e o mercado de trabalho dava-nos a segurança do emprego, deixados que fossem os bancos dos liceus ou os bancos das universidades. Também falámos nisso e na dificuldade de emprego dos licenciados de hoje. Estamos ambos aposentados, mas, por vício da profissão, não estamos desatentos ao mundo que nos rodeia. Estamos vivos, temos filhos e temos netos.
Foi uma tarde de convívio entre dois amigos, dois "retornados" que retornaram à costa do Índico, à cidade das acácias, planta axadrezada, hoje conhecida por Maputo. Que retornaram "in mente" às suas ruas e avenidas, aos seus cafés que, eles próprios, eram autênticas salas de estudo com espaços destinados a estudantes.
Tive oportunidade de lhe recordar alguns dos poderes de observação de que ele era dotado, ou a experiência de vida já vivida a tanto o obrigavam. Coisas triviais que escapavam ao comum dos cidadãos, mas não escapavam à atenção e aos olhos do Bertino.
Tê-lo como colega de estudos e como amigo foi um privilégio e privilégio foi poder estar com ele, passados que foram tantos anos, ali, no ASTÚRIAS. O encontro foi presenciado pela sua companheira Dra. Margarida, notária de profissão, que, por certo, não se recusará assiná-lo e  autenticá-lo com o  "selo público e raso" em uso no seu cartório.
A esta senhora, que só agora tive o prazer de conhecer, que soube dar espaço e tempo à conversa travada entre dois amigos que não se viam há anos, se deve a foto que ilustram este registo. Mal fora que eu não o fizesse e publicasse neste meu site. Cá está. E sem demora.
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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.