ARREDORES DE LAMELAS, CASTRO DAIRE
Se recuarmos no tempo e tivermos em conta todos ingredientes históricos encontrados em manuscritos e textos impressos, poderemos até elaborar uma "estória" de fantasia para encanto de meninos e gente adulta crédula nas mais infantis patranhas. Digamos que, a partir de material histórico, temos pano sobejo para uma narrativa ao gosto popular e de encanto para criancinhas que, ávidas de aventuras fantasiosas e lendárias, ficam, de boca aberta, encantadas com tudo o que lhes contam os adultos, quando os querem entreter e nelas despertar a criatividade, a imaginação e o gosto pelas narrativas que metam ação, heróis vitoriosos e vencidos. Bons e maus. É o que vou fazer a partir de agora, tal como fazia com os meus filhos pequeninos para eles adormecerem inventando "estórias" sem fim e só com eles a dormir o sono dos anjinhos, eu poder prosseguir os meus trabalhos profissionais (corrigir os testes dos alunos) que dispensavam tais estorietas e exigiam o rigor pedagógico e científico na avaliação. Então era assim, escrito em itálico, não vá alguém tomar por verdadeira a "estória" cerzida assim com alguns fios e liços de história autêntica:
HISTÓRIA VIVA
Nos TRILHOS SERRANOS que tenho percorrido em busca de conhecimento, durante anos, dias e meses, visando, encontrar e divulgar saberes, odores e sabores camponeses, não raro tenho encontrado no terreno versões do mesmo assunto com ligeiras alterações nas narrativas. Por método, ouço, registo e não digo o que já sei sobre a matéria que investigo, por forma a não influenciar o informante. E esse procedimento conduz-me, por regra, a várias versões, permitindo-me, seguidamente, o cotejo delas e, desse modo, chegar ao que julgo ser o «essencial» de uma narrativa sobre algo que efetivamente aconteceu no passado e que permaneceu na literatura oral, durante séculos.
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