Trilhos Serranos

OS MEUS VOOS SEM DRONES

As casas dos meus pais, em Cujó, hoje a caminho de ruínas, eram constituídas por um conglomerado de pequenos espaços contíguos, de paredes meeiras, sem comunicação entre si.

QUARTA PARTE

Profissionais da educação, obrigados a cumprir horários, a prepararmos as aulas, darmos as aulas, a  fazermos pontos e corrigir pontos, assistir às reuniões e tudo o mais que se exige dos docentes, logo pela manhã, antes de ir ter com os alunos, ali estava eu a acompanhar os trabalhos e a dar sugestões ao empreiteiro que comigo ajustou, de seu nome João Lopes Vicente, de Vila Cova-a-Coelheira, que, em verdade se diga pela vez primeira, agora, e para a posteridade, que levou a cabo o trabalho ajustado com prontidão e seriedade. Obra ajustada, obra acabada, obra paga. 

TERCEIRA PARTE

Estávamos no ano de 1986 e, ao tempo, se não sabeis, digo-vos agora mesmo, não havia ainda saneamento básico na aldeia, nem abastecimento de água ao domicílio. Não fazia mal, cá o Abílio viu o fontanário público por perto, pelo que com água próxima e uma fossa séptica resolvia a situação até que essas marcas da civilização chegassem à povoação sita a dois quilómetros da sede do concelho. Ela que, por sinal, sofria de igual carência.

SEGUNDA PARTE

Casa com telhado de duas águas, ditas de risco ao meio, tão características da nossa arquitetura rural, uma trave-mestra assente em tesouras de madeira, nos extremos, tipo Cruz de Santo André,  fruto da ciência e da técnica da carpintaria empírica,  coberta de telha vã, telha mourisca de meia cana acasalada, ora virada ao céu ora ao contrário acamada,  assente na armação de caibros e ripas de madeira,  levantada em pedras de porpianho e pedras que não viram régua nem esquadro de pedreiro, tão somente ferroada grossa de pico e de ponteiro.

PRIMEIRA PARTE

É instintivo. É natural. Tal como a carriça, ave pequenina, a mais pequenina que conheço de carne e pena (ao vivo), ela, que o ninho faz na mina, lá bem no fundo, no escuro, ou logo no começo dela, ninho revestido com musgo para proteger os ovos e criar a ninhada, todo o ser humano normal que, na natural caminhada da vida, se vê rodeado da prole que pôs no mundo, tem como preocupação principal arranjar um lar, uma casa, onde se possam todos abrigar e sentirem algo de seu, ter nela raízes como as árvores têm na terra. E, para não falar nas perdizes, que vestem penas de gala, mas esgravatam somente uma cova no chão e dizem ala à criação, mal ela sai da casca, olhem que nenhum de nós faz mais do que qualquer animal, manso ou feroz, grande ou pequeno, de pena ou de pelo, pois ter ninho ou abrigo permanente, proteger e criar os filhos, na cidade ou campo, com amor e carinho, é mesmo de gente, inda que não é exclusivo do ser humano.