Trilhos Serranos

CARTA DE ALMEIDA CARRETT DIRIGIDA AO SEU COMANDANTE

Aproximando-se, o mês de abril p.f., e com ele MEIO SÉCULO de eventos passados, revivo a alegria, o contentamento, as emoções e a atmosfera da LIBERDADE que senti, lá, em Moçambique, onde, então,  me encontrava. Ouvido colado à telefonia, pois, à época,  não havia a parafernália dos equipamentos de hoje virados para a informação e desinformação.

Já escrevi muito sobre esse dia marcante na cronologia da  HISTÓRIA PÁTRIA, sublinhando as MUDANÇAS políticas, sociais, económicas, educacionais e por aí adiante que só podem ser negadas por gente vesga ou fora da HISTÓRIA.

POLÍTICA E LITERATURA

«DITO POPULAR»

Desde pequeno que conheço este dito popular em contexto de menosprezo por pessoa, ou grupo, considerados «inferiores» aos demais da comunidade ou de conversa. E por vezes assenta bem nas pessoas que, ignorando, totalmente, o assunto em debate, entram nele como se fossem «sábios», não se dando conta sequer que transmitem a sua ignorância, senão mesmo a sua imbecilidade.

CUJÓ – OS FERREIROS

A relação estreita entre a agricultura, a indístira e o comércio, bem como a tríade «terra, homens e animais» nasceram  há cerca de 7.000 anos, no NEOLÍTICO, com a sedentarização dos primitivos povos, até aí nómadas, RECOLETORES, dependentes dos frutos sazonais.

Cujó, aldeia serrana e beiroa que vivia essencialmente da agricultura e da pastorícia, enquanto comunidade agro-pastoril, na sua luta pela sobrevivência, teve de deitar mão aos recursos, às invenções e técnicas que vinham de lugares e de tempos idos.

E é assim que a aldeia, em meados do século XX, se pode considerar, praticamente, auto-suficiente no que respeita aos mesteirais, mesmo que, nenhum deles, exercesse a profissão a tempo inteiro. Temos lá os ferreiros, carpinteiros, pedreiros, tamanqueiros, alfaiates e sapateiros e, até, quando chegou o relógio mecânico a substituir a «meridiana» de madeira e bússola, apareceu, regressado do Brasil, o relojoeiro.

REVOLTA DOS AGRICULTORES

Nas minhas DUAS últimas crónicas, com o título em epígrafe,  falei de LISBOA, dos seus aspetos “orográficos/topográficos, urbanísticos, rurais  e sociais” da IDADE MÉDIA e, bem assim, dos dois históricos cercos de guerra a que foi sujeita na época, seja, aquele  que teve por protagonistas AFONSO HENRIQUES e os CRUZADOS, em 1147, ano  da sua conquista aos MOUROS, seja, o cerco de 1383, que opôs o Rei de Castela e D. Leonor, ao MESTRE DE AVIS, que, ajudado pela pestelença que grassou no acampamento dos sitiantes,  veio,  na sua condição de sitiado, a ganhar a contenda e a ser o rei de PORTUGAL “D. JOÃO I”, de BOA MEMÓRIA.

Falei igualmente de SANTARÉM, das LEZÍRIAS, aquela terra que tanto encantou Almeida Garret e onde ele foi inspirar-se para escrever, como ele próprio diz, uma obra-prima de literatura, a sua ODISSEIA, isto é, “VIAGENS NA MINHA TERRA”.

REVOLTA DOS AGRICULTORES

Na minha crónica anterior, que teve como pretexto negistar  o descontentamento dos AGICULTORES, portugueses e outros, face às “políticas da PAC” e as suas pretensões explícitas de cercarem ou invadirem a capital do “mando e comando” aproveitei o momento histórico da fixação do HOMEM à terra, ao NEOLÍTICO, o salto qualitativo do RECOLETOR a PRODUTOR e, de caminho, com séculos de permeio, a CONQUISTA DE LISBOA aos mouros, em 1147, servindo-me do texto deixado por Osberno, cidadão letrado que integrava as hostes dos CRUZADOS.