Trilhos Serranos

A SERRA DO  MONTEMURO É UM JARDIM

À falta de uma flor, uma simples margarida que seja, daquelas florinhas que, espontaneamente, bordejam todos os caminhos, ali, no espaço que foi JARDIM PÚBLICO, na vila de Castro Daire, espaço que correu mundo em POSTAIS ILUSTRADOS como BILHETE DE IDENTIDADE DO CONCELHO, espaço resultante de expropriação de hortas, quintais e pardieiros levadas acabo desde 1919, pelos EXECUTIVOS MUNICIPAIS DA ÉPOCA, tal como já historiei em livro próprio, espaço que, em recente REQUALIFICAÇÃO, RESTAURAÇÃO, REABILITAÇÃO (como se lê em matéria especializada)  perdeu a IDENTIDADE  virou não “SEI QUÊ” e, prossigo, à falta de uma só flor, dizia eu, faminto de algo identitário, belo, colorido e nosso, monto a minha mota e deixo-me ir nela até ao topo da serra do MONTEMURO. Não sem me perguntar: como se transmitem  os valores identitários às novas gerações se não conciliarmos o passado com o presente e o futuro? Se varemos da HISTÓRIA o legado que tanto custou aos nossos ANTEPASSDOS?

HONRARIAS EM PRATA E PEDRA

Todo o historiador, isto é, todo o estudioso que tenha dilatado os seus estudos de HISTÓRIA para além dos conteúdos que dão corpo aos compêndios liceais, ou mesmo os conteúdos administrados em certas Escolas Superiores de Educação, donde saíram muitos professores habilitados a ensinar História nas nossas escolas básicas, sabe bem a forma como, ao longo do tempo, certas honrarias sociais foram obtidas por forma a que os seus detentores se pavoneassem com ares de superioridade perante aqueles que tais honrarias não tinham, nem sonhavam ter.

GENTES DA SERRA

Um senhor transmontano, HERMENEGILDO BORGES, natural de Loivos, foi metido recentemente  no meu rol de amigos mercê das linhas que tecem as «redes sociais».  Ligado a intituições judiciais e com obra publicada sobre a matéria,  entusiasmado com a minha escrita envidou todos os esforços para adquiir o meu livro «JULGAMENTO» editado em 2000. E conseguiu essa façanha pela arte a manha de quem conhece as linhas usadas pelo alfaiate. Logo a seguir sugeriu para eu fazer uma NOVA EDIÇÃO, pois via ali conteúdo de interesse, não só literário, mas também de conhecimento histórico e social. Desiludi-o. Apesar de estar no pleno gozo dos meus direitos de autor, por incumprimento vergonhoso dos deveres contratuais da editora, cujo nome omito intencionalmente, disse-lhe que não  iria investir algo mais que fosse nessa matéria.  E por ali nos ficámos.

Acontece que, dando voltas aos meus arquivos digitalizados encontrei o texto que resolvi partilhar aqui, pois é matéria que deu corpo a esse meu «romance histórico»  publicado e esgotado. Foi e é assim:

 

HISTÓRIA

Já fiz extensa crónica sobre a MESA DE CENTRO (de marmorite) com elementos escultóricos decorativos chineses, quer na base, quer na coluna, quer no tampo. Interroguei-me sobre o número de figuras em relevo patentes no seu todo, nomeadamente, três dragões  (na base), três elefantes (no meio da coluna)  e três beldades femininas (na parte cimeira)  que sustentam o tampo. Ao todo, somam  NOVE, número tão usado na CULTURA OCIDENTAL, patente que está nas NOVENAS CRISTÃS e ritos afins. Falei nas nove BADALADAS DAS TRINDADES (3+3+3=9), falei nos NOVE responsos a que aludem alguns testamentos, falei nos “TRÊS VINTÉNS”, tesouro que a donzela devia levar ao altar no dia do casamento e aludi ao facto de, perdidos que fossem os TRÊS VINTÉNS, daí a NOVE MESES, se a natureza seguisse o seu curso normal, teríamos nova vida. Concluindo que o número NOVE está, seguramente ligado à vida, à fertilidade e, consequentemente, arrimo e amparo de crentes e supersticiosos.

A NATUREZA

Neste meu rudo

Esforço de leitura

Escrita e estudo,

Por estas bandas da serra

Do Montemuro,