Trilhos Serranos

A NATUREZA

Neste meu rudo

Esforço de leitura

Escrita e estudo,

Por estas bandas da serra

Do Montemuro,

“HISTÓRIA, EMPATIA E CULTURA

Acabava eu de tomar o pequeno almoço na “Pastelaria Charme”, em Castro Daire, no passado dia 2, cerca das 10 horas, e estava a escrevinhar uma crónica sobre o “PRIMEIRO GOVERNADOR GERAL DE MOÇAMBIQUE”, Capitão General Francisco de Melo e Castro (em serviço nos anos 1752-1755), baseado num estudo assinado pelo meu ex-professor ALEXANDRE LOBATO, na Faculdade de Letras da Universidade de Lourenço Marques (há muito falecido), crónica onde registei o meu desalento de “ver, definitivamente, calados, sem voz nem palavra, tantas amigos que eu ouvia e me ouviam, que me liam e eu os lia,  que estimava e me estimavam”, quando junto de mim chegou o amigo, Fausto Teixeira, de Pendilhe, há muito conhecedor dos trilhos de investigação que piso e deixo pegada, perguntando-me, naquela sua atitude tímida e simples, se podia interromper-me a tarefa e eu lhe dispensava um minuto. 

RETORNO SAUDOSO 

Prestes a chegar aos meus 84 anos de vida  (v.g. no próximo 10 de junho) quando vejo  ficar, definitivamente, calados, sem voz nem palavra, tantas amigos  que eu ouvia e me ouviam, que me liam e eu lia,  estimava respeitava, sabe-me bem retornar às décadas de 60-70 e, cheio de vigor e vida, entrar no barco que, rasgando as águas do ÍNDICO, tinha ao leme o PROFESSOR ALEXANDRE LOBATO.

ARMÉNIO DE VASCONCELOS 

 

Finou-se.

Foi breve o momento

Que uma estrela cadente

Rasgou o firmamento

Sobre o Montemuro.

 O POETA, O SONHADOR, O VISIONÁRIO

Este meu amigo, recentemente falecido, era um homem de personalidade forte que, em Portugal e no Brasil, venceu adversidades  mil, menos a morte. Era um cidadão irrequieto, das sete partidas. Conheci-o em 1985, quando pôs de pé a  “Voz do Montemuro”, jornal de vida breve. Mas sinto a falta de gente assim. De ganhos e perdas. De vitórias e derrotas. Homem de iniciativa, de “pensar” e de “fazer”, mais de “mandar” do que de  “obedecer”, conciliador, congredador de vontades, mas nem sempre consensual, nada fazia por mal, fosse ou não compreendido, reconhecido e recompensado. Traçado o caminho, o caminho era seguido, levava a dele avante. E, com ou sem risco, nem sempre isento de perigo, mesmo avisado, seguia adiante. Um poeta, um visionário, um sonhador. Sim, faz-me falta este amigo. Com certo pendor egocentrista, mirando-se no espelho, olhos fitos em si,  não perdia, contudo, de vista o mundo em redor e, naturalmente, rodeava-se de  muita gente conhecida e desconhecida.