Trilhos Serranos

MEMÓRIAS VIVAS

De currículo académico e profissional disponíveis na Internet, nele está omissa  (por desnecessária) uma das tarefas que mais gostei de fazer na vida e durante a qual, a bem dizer, me tornei conhecedor dos REALIZADORES e PROTAGONISTAS das "fitas" (uso de propósito a palavra) exibidas nas salas de cinema, nos anos 60 do século XX. Fossem elas importadas da América, de França, da Itália, da Austrália, da índia e por aí fora. Não vou dizer nomes, pois longa e fastidiosa seria a lista. Mas direi que a diversidade cinematográfica a que eu estava habituado em Moçambique (onde não havia televisão) desapareceu do meu campo de visão, apetência e gosto, com a  exclusividade dos filmes americanos corridos na nossa RTP, quando era única e mesmo depois de  haver já outros canais, aqui, em Portugal. Vá lá, ultimamente a RTP1, em alguns domingos consecutivos, lá me levou novamente à India, permitindo-me apreciar aquelas coleantes dançarinas, desde os pés às pontas dos dedos das mãos, acompanhadas daquelas lânguidas e intermináveis canções, tão grandes como o país que é quase um continente. Chegou até mim aquele inconfundível odor a sândalo a que me habituei durante anos. Hei de voltar a eles, quando falar na CASA DAS BEIRAS em Lourenço Marques, onde fui membro da Direção e, em mandato nosso,  acoplámos ao solar da sede, uma sala de cinema, construída de raiz.

HISTÓRIA VIVA

 Falar das casas brasonadas de Mões, concelho de Castro Daire, leva-nos a viajar não só no tempo, mas também no espaço. Leva-nos ao século XVIII e ao concelho de Resende, a S. Martinho de Mouros e entrar no solar da Soenga para conhecermos um dos seus proprietários: D. Joaquim de Carvalho Cabral de Azevedo Menezes, nascido a 30-01-1758, ano em que o Marquês de Pombal mandou circular pelas paróquias do Reino um inquérito, visando saber aspetos de carácter geográfico, demográfico, hidrográfico, religioso e, eventualmente, estragos resultantes do terramoto de 1755.

HISTÓRIA VIVA

No monte mais elevado ao lado da vila de MÕES (cota 709 metros de altitude), digamos que símile do GÓLGOTA bíblico (1), levanta-se o fragmento de um monumento, à primeira vista, enigmático. Trata-se de um fuste octogonal amputado com sinais evidentes de sobre ele ter assentado a parte que falta, também octogonal. Tem por base três degraus do mesmo formato, assentes num penedo de raiz a sair do solo, semelhante à calote superior de uma caveira. (ver foto mais abaixo).

MEMÓRIAS VIVAS

Nas duas crónicas anteriores sob o título em epígrafe, em torno do CRUZEIRO comemorativo dos CENTENÁRIOS DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL (1139) e da sua RESTAURAÇÃO (1640) levantado no MONTE DA CABEÇA, em 1940, falei de HISTÓRIA autêntica com gente dentro. Falei do usufruto comunitário desse monte pelas populações circunvizinhas e disse que Santa Margarida era COVELINHAS no século XIII e que VILA POUCA, em 1758, era SÃO PAIO, tal como escreveu o Padre Encomendado Patrício Costa Peixoto, ao identificar e descriminar os templos e oragos que existiam na Paróquia de Castro Daire, dentro da vila e fora dela.

MEMÓRIAS  VIVAS

Na crónica anterior, com o título em epígrafe, reportei-me ao imponente CRUZEIRO granítico levantado no MONTE DA CABEÇA (ALTO DA CABEÇA) em satisfação do ensejo patriótico do ESTADO NOVO que, em 1940, mandou erigir em tudo o que era território nacional, aldeias, vilas e cidades, freguesias e paróquias monumentos alusivos à INDEPENDÊNCIA de PORTUGAL (1139), à RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA (1640) e, naturalmente, glorificação ao regime vigente (1940), saído da Revolução de 28 de Maio de 1926.