Trilhos Serranos

BUROCRACIA, 2 (*)

Depois do trabalho, o estudo.

Depois do estudo, o trabalho.

Num só dia eu faço de tudo

Num só dia apanho e malho.

Lutando para ser o que não sou, seguindo a natural tendência que só agora se concretizou, trabalho e estudo ao mesmo tempo. E, contra  a vontade dos chefes, misturo artigos, decretos-leis, despachos, expediente de secretaria com sonetos, redondilhas, poesia, batalhas, dinastias de reis, nobreza, clero, escravos, magarefes, literatura, história, filosofia, matemática, química, ciência e grandes correntes do pensamento.

BUROCRACIA, 1

O último programa da RTP1 "SEXTA ÀS 9", de Sandra Felgueiras e outros,  mostrando-nos o estado a que chegou o nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO e a culpa disso a MORRER SOLTEIRA, sugeriu-me a  repor aqui parte de um texto que escrevi, hã anos, relativo aos TRILHOS que tive de pisar para adquirir a foto do BÁCULO DA ERMIDA DO PAIVA, para ilustrar a CAPA do livro, cujo miolo versava a história do MOSTEIRO DA ERMIDA. Assim:

«FUNÇÃO PÚBLICA

 “(...) Hoje, infelizmente, as chefias desmultiplicam-se, aquilo que deveria ser feito por um é, normalmente, repartido por vários (...) Há em Portugal uma cultura de funcionalismo público no pior sentido do termo, ou seja, a função constitui mais uma oportunidade de emprego seguro do que de afirmação de carreira profissional (...)”

 Gomes Fernandes, “Função Pública in  JN de  01-06-20

TROPA, 6 - PRAGMÁTICA DE D. JOÃO V, 1735

O FILÃO

Já, há tempos, deixei neste meu  espaço um texto em que falei de filões, de minas e poços abertos nos montes em redor da minha aldeia. Falei de camponeses que, no pós guerra, gasómetro numa mão, ferramentas na outra, ainda perseguiam o veio subterrâneo de volfrâmio até ao seu esgotamento. O minério comprado por ingleses e alemães para fabrico das armas manejadas pelos militares na Guerra.

TROPA, 5

Retomo aos "REGIMENTOS" de D. Sebastião para acrescentar uma informação absolutamente indispensável à compreensão da forma de "recrutamento militar" neles previsto. Diz respeito às NOTIFICAÇÕES dos "vassalos" que, habitando no Reino, não importa em que cidade, vila ou aldeia, se recusavam  a incorporar a ORDENANÇA e fugir aos recrutadores.

TROPA, 4

E creio ter chegado ao ponto que me levou a reler os REGIMENTOS  de D. Sebastião, para refletir sobre a expressão "tropa-fandanga". Necessário é, todavia, darmos um salto do século XVI para o século XVIII e, já agora, até aos nossos dias. 

Vimos no juramento do capitão-mor que ele assinou "por sua mão". Está-se mesmo a ver que, por este Reino afora, seriam muito poucos os que tinham privilégio de saber ler e escrever. É tema que para a maioria de nós não precisa demonstração. É só lembrar o grau de analfabetismo que existia nos meados do século XX.