TUDO O QUE VEM À REDE É PEIXE
Há anos que cirando por trilhos e veredas serranas, que visito aldeias e povoados, falando com toda a gente à procura de documentos orais e escritos, papéis velhos, manuscritos ou impressos. E foi nessa minha romagem pelo concelho que, em 1995, me chegou às mãos um maço de folhas, formato 34x22,5 cm, nas quais, de alto a baixo, estão manuscritas, em duas colunas, umas tantas décimas populares, isto é, composições poéticas constituídas por um mote (quatro versos) glosado em estâncias de dez versos, rematando cada uma delas com um verso do mote. Composições ainda muito em uso nos meios populares alentejanos (procedi a alguma recolha delas quando estive em Castro Verde) mas não tanto por estas bandas do Montemuro. As últimas que conheci por cá, e delas já fiz uso algures nos meus escritos, são atribuídas ao Mestre Zé Aveleira, (de Cetos) já falecido há muito.