Podia começar assim: «no tempo em que os animais falavam...», mas não, vou começar...«no tempo em que os telefones eram de manivela» como aqueles que hoje se veem somente nos filmes antigos, a preto e branco, eu tive a profissão de montá-los, repará-los e mantê-los num estado de saúde capazes de duas pessoas poderem comunicar à distância, através de uma só linha aérea, pois a segunda linha fazia-se de «retorno pela terra». Querem saber como? Eu sei o que as tecnologias da comunicação evoluíram muito desde então e sei que estamos no tempo dos telemóveis, dos computadores, da Internet, por isso, meus amigos, se estão interessados e quiserem saber, pesquisem, pois está tudo ao vosso alcance, seus felizardos.
HISTÓRIA COM GENTE DENTRO
Colocado que fui, como professor, na Escola Preparatória de Castro Daire, no ano letivo de 1983/84, casado e com dois filhos em idade escolar, procurei não residir longe da Escola e acabei por radicar-me na aldeia de Fareja, sita 2 quilómetros a nascente da sede do concelho.
Ora, conciliando eu a docência com a investigação da HISTÓRIA LOCAL, mal ficaria não deixar neste meu apontamento alguma informação sobre o passado longínquo da terra que escolhi para morada e onde os meus filhos herdarão um pedaço de chão a que possam chamar seu quando chegar o tempo disso.
Direi assim que esta aldeia remonta aos primórdios da nacionalidade portuguesa, pois constatei que mais do que uma dúzia de testemunhas desta terra, como veremos a seguir, fizeram o seu depoimento nas Inquirições de D. Afonso III, em 1258, acerca dos caminhos e descaminhos que levavam os foros rei, fossem eles do seu tempo ou dos seus antecessores. Remetemo-nos para o texto (com a grafia atualizada) e vejamos os termos das Inquirições:
POSFÁCIO-OLHAR E VER
Dos muitos prelos cujas fotografias estão disponíveis na Internet, do prelo mais simples ao prelo mais sofisticado, do prelo restaurado e embelezado com cores douradas, ao prelo moribundo e enferrujado, do prelo que atravessou a linha do tempo intacto, tal como foi concebido pelo seu criador, presumo eu, ao prelo que se apresenta amputado, qual soldado regressado das fileiras da guerra sem alguns membros, em todos, independentemente do seu estado e aparência, eu vi centenas de obras de arte, nas vertentes funcionais, ornamentais e decorativas. Eles me transportaram não apenas ao tempo de Gutenberg, ao tempo dos enciclopedistas, do iluminismo, ao tempo da Revolução Industrial, ao império do ferro e da metalurgia, mas também à Antiguidade Clássica através dos elementos artísticos, literários e míticos que incorporam.
Há muito que tenho denunciado publicamente o aproveitamento que determinadas ASSOCIAÇÕES regionais fazem dos dinheiros públicos em nome do DESENVOLVIMENTO e SUSTENTABILIDADE deste interior serrano. Fi-lo no meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura» sobre o desempenho do ICA, com sede no Mezio e fi-lo questionando, fotografando e filmando a colocação de monóculos de grande alcance a serra do Montemuro e arrabaldes, (a coberto de programas ditos de «DESENVOLVIMETO») alguns dos quais foram imediatamente roubados e outros se tornaram inúteis por «embaciamento». Fi-lo denunciando o embuste de «gravuras rupestres» na Fonte da Pedra, arredores de Picão (em texto e em vídeo) pois é tempo de, por estas bandas, se abrirem trilhos de SERIEDADE e não de OPORTUNISMOS de circunstância, pagos com dinheiros de todos nós.