Trilhos Serranos

TUDO É ÓBVIO E BÁSICO

Na década de setenta do século XX, eu e a minha mulher éramos professores de História e Geografia em Lourenço Marques (hoje Maputo). As turmas eram uma mistura de alunos brancos, negros, mulatos, indianos e alguns chineses, uma amálgama das etnias que, ao tempo, habitavam aquela cosmopolita cidade do Índico. Os compêndios eram iguais aos usados nas escolas de Portugal Continental, pois portuguesa era tida aquela cidade e portugueses quase todos os seus habitantes. De acordo com os programas oficiais de História e Geografia (unidas no mesmo compêndio) os professores debitavam para os alunos, em geral, as características do relevo de Portugal, altitude das serras, riquezas mineiras e vegetais, rios, clima, linhas férreas, demografia, desequilíbrio demográfico entre o LITORAL/INTERIOR, apesar de SER ÓBVIO E BÁSICO que isso dizia pouco ou nada aos alunos negros, mestiços e indianos.

 

O FACEBOOK É UMA LIÇÃO

ORA ENTÃO DIGA LÁ AO QUE VEM...

Calado, deitado no sofá, mãos cilhadas na nuca, cotovelos afastados à semelhança da proa e da ré de um barco rabelo atracado, desgrenhado o cabelo, queixo ferrado no peito, ao jeito de Trinitá, o cawboi insolente, perna cruzada, tornozelo com tornozelo, estendido na padiola puxada para cá e para lá pelo seu cavalo, um regalo, ouço a voz amiga do psiquiatra, aquele médico (um tanto ou quanto quadrado) que há anos me me trata das maleitas da mente, aquele que entra em nós e como nós sente, aquele que tudo faz para me tirar das nuvens, para me fazer descer do céu à terra e, na terra pensar e agir como toda a gente: diga!?

ESTÓRIA  POÉTICA - O BORDEL

Creio não haver homem no mundo, homem que se preze de sê-lo, que, gozando a mocidade, saboreando a vida, a saúde e a virilidade próprias de idade, não arrole no seu currículo a passagem por um bordel, a "casa das meninas" e nunca uma vez só. Creio não haver homem que tenha esquecido aquela imagem impressiva de entrada e de começo: uma grande sala, as meninas sentadas à roda, cada uma delas,  fazendo pela vida, a tentarem captar o cliente recém-chegado. De todas as raças e cores. Um arco Íris de corpos e de vestes, «partout, everywhere, por toda a parte». Sorrindo, o acabrunhado caloiro nessas lides, logo se tornava alvo de mil olhares, mil desejos e mil perguntas: «quem escolherás tu?»
Ao fundo, num canto, junto da janela, um papagaio atento à clientela, ensinado a bater as asas e a palrar como quem fala: "meninas, quarto ou rua,... vida..., vida,... aqui não se quer sala". Um pássaro avisa quem procura pássara que o espaço não é sala de estar mas somente sala de espera.

 

CEREJA EM CIMA DO BOLO

Passados dez anos, depois de eu ter sido tão enxovalhado no «Notícias de Castro Daire» (em 2006) com o aval do seu Director (ainda é o mesmo e está a tempo de dizer o que na altura calou) pelo, então, Presidente da Direcção dos Bombeiros (cujo nome omito para não sujar este meu espaço digital, já que ele anda por aí difundido em televisões e jornais de grande tiragem), passados dez anos, dizia, eu bem podia orgulhar-me com a cereja que faltava em cima do bolo. Mas não digo, nem orgulho tenho. Até lamento o que aconteceu e, se calhar, isso podia ter sido evitado se, nessa altura, os restantes membros da Direcção e o público, levasse em conta a chamada de atenção para a «gestão danosa» que se fazia notar claramente naquela casa.

 

EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CASTRO DAIRE EM JULGAMENTO POR PECULATO.

Custa-me abrir as portas do armário e tirar de lá os esqueletos de defuntos que para mim morreram há muito. Mas, no momento em que  o ex-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Castro Daire (cujo nome omito para não sujar este meu espaço digital. Ele anda divulgado nos jornais e na televisãol) está sentado no banco dos réus por ter desviado cerca de 80.000€ dos cofres da Associação para uso particular, dez anos depois da polémica pública travada no jornal «Notícias de Castro Daire» (2006), em crónicas sucessivas, por mim assinadas,  com o título «Prós & Contras» sobre o livro que então escrevi «Castro Daire, Os Nossos Bombeiros, A Nossa Música»,  oferecendo os meus direitos de autor (então avaliados em 8.000 contos), não ficaria de bem comigo mesmo, se o não fizesse. Não para «bater mais no ceguinho» (pois  esse vai pagar na Justiça, com língua de palmo, os erros que cometeu), mas sobretudo para lembrar A MINHA RAZÃO a todos os que COBARDEMENTE se acomodaram no silêncio, pactuando assim, com quem claramente procedia à «administração danosa» de da Associação Humanitária dos Bombeiros. A todos os que não tiveram o estofo moral de se rebelarem a favor da dignidade e probidade que me assistia. E assiste. Eles devem-me um pedido de desculpas. Felizmente nem todos optaram pelo silêncio pactuante. No mesmo jornal tomaram voz dois cidadãos de corpo inteiro, de cujas palavras deixo os seguintes excertos: