Trilhos Serranos


No dia 15 de outubro do ano passado realizei e alojei no Youtube, com imagens minhas a voz de Almeida Santos, um vídeo com a balada "Lá longe, ao cair da tarde". O seu falecimento transportou-me, agora, a Moçambique e, por conseguinte, a Lourenço Marques, onde o conheci, ele já com carreira consolidada no foro e eu a começar a carreira de trabalhador-estudante. 


 Num diálogo que resolvi travar com uma divindade desconhecida sobre o vinho, ela, como que adivinhando o que eu lhe ia perguntar, antecipou-se:

- E antes que me perguntes algo sobre o lagar e lugar do vinho ao longo da história humana,  digo-te já que quem conhece a tosca e pesada prensa do azeite, conhece a tosca e pesada prensa antiga do vinho: uma vara de madeira com uma das extremidades metida numa abertura da parede com folga bastante para poder ter um movimento vertical e apertar, de cima para baixo o bagaço obrigada pelo fuso que nela entronca em cujo extremidade inferior se encontra um enorme peso de pedra.

Há pessoas que, às vezes, perdem boas oportunidades para ficarem caladas.  Sem terem a mínima ideia dos trambolhões que um livro dá até chegar à versão final, às mãos do leitor, ignorando quantas vezes ele é revisto por forma a evitar erros e gralhas,  sem terem ideia nenhuma da peregrinação que ele faz do autor para a tipografia e vice-versa, sem nunca terem posto os olhos nas provas tipográficas revistas de autores credenciados, sem nada disso saberem, se apanham um erro ou gralha num livro de 500 (quinhentas) páginas, aqui d'el Rei que «está aqui um erro».

Ora essas pessoas eu remeto-as, agora mesmo, para o texto que serviu de introdução ao meu livro «Lendas de Cá, Coisas do Além», publicado em 2004, ilustrado com uma página do meu livro «Castro Daire, os Nossos Bombeiros, a Nossa Música» em fase de revisão de provas, tal qual se segue:



PRIMEIRA PARTE

Ali, naquela praia da costa da Caparica, ele era sempre o primeiro a chegar. Nem um relógio suíço, da mais reconhecida marca, indicava, tão certo, as horas do dia.  Mal chegava, espetava uma vara no chão,  certificava-se da sua firmeza aprumada, punha-lhe no topo uma toalha, atirava os ténis, a roupa e outra toalha para a base dela e ei-lo a correr e a desaparecer no fundo do areal que se estendia por quilómetros de ambos os lados. Por algum tempo o centro do mundo era aquela vara ali espetada que nem estaca de feijoeiro em solo arável e produtivo.



Quem, como eu, tem queimado as pestanas na investigação e divulgação da HISTÓRIA LOCAL, só podia regozijar-se com a iniciativa que tiveram os atuais responsáveis pela Santa Casa da Misericórdia, no sentido de deixarem, em livro, a colaboração dada às FESTAS LOCAIS de S. Pedro, integrando as MARCHAS POPULARES.