Trilhos Serranos

DA FICÇÃO À REALIDADE

PARA UMA MELHOR JUSTIÇA (1)

1 - INTRÓITO

 Para este comecilho de novelo, a fim de melhor se entender como, no exercício da minha cidadania, encarei o processo judicial, a audiência e as sentenças decorrentes de um  «julgamento real» que tiveram lugar no Tribunal Judicial de Castro Daire, Círculo Judicial de Lamego e no Tribunal da Relação do Porto, no qual fui protagonista como AUTOR e AUTOR/RECONVINDO da acção, impelido por razões e fundamentos que, no que a mim respeita, nada tinham de ficção, antes pelo contrário, nada melhor do que transcrever do meu livro «Julgamento», romance histórico editado no ano 2000, o seguinte excerto. Assim:

Claro que o texto colectivo redigido sobre o MANEL DA CAPUCHA nas minhas aulas de Português, inspirado no conto «O Búzio» de Sophia de Mello Breyner, se submeteu aos tópicos que cada aluno escreveu, no quadro, sobre aquele pedinte caminheiro que, a pedibus calcantibus, conhecia todos os poviléus, aldeias, vilas e cidades implantadas nas encostas e pregas das serras do Montemuro, da Nave, da Lapa e, sei lá, se do Marão.

Tenho pautado a minha postura de cidadão, atento à nossa TERRA e às nossas GENTES, por falar e escrever de pessoas que, por uma razão ou por outra, se tornaram senão figuras públicas, conhecidas, pelo menos, por muita gente.

Penso que era um Tecktel. De cor preta, pelo curto e luzidio,  orelhas de elefante caídas para o pescoço, face e lábios acastanhados, não era um baixote de pura  raça, igual aqueles que por aí andam a varrer o chão com a barriga, tal como os que vejo no Google, aqueles que lhes falta em altura o que têm a mais de comprimento.
O seu dono, João Codovil, era meu amigo e economista de profissão, a desempenhar funções na Câmara Municipal de Castro Verde.
Às vezes caçávamos juntos e ele, face ao olhar pasmado dos outros caçadores quando viam o seu estranho «perdigueiro», logo fazia questão de mostrar o que ele era capaz de fazer, já que, só de vê-lo e à partida, qualquer caçador de perdizes nunca imaginaria tê-lo por companheiro a atravessar lavradios e descampados de espingarda aperrada pronta a disparar sobre a peça de pelo ou de pena que lhe saltasse à frente e ficasse ao alcance da sua mira.

Como professor que fui de História e de Português na Escola Preparatória de Castro Daire, sempre preocupado em ligar a História e a Literatura à vida, seleccionei, propositadamente, para leitura o conto de Sophia de Mello Breyner Andresen que tem por título «O Búzio».E qual a razão desta minha escolha? Vejamos alguns excertos desse conto, a fim de melhor podermos estabelecer a ligação que ele tem com o título deste meu registo. Assim: