Penso que era um Tecktel. De cor preta, pelo curto e luzidio, orelhas de elefante caídas para o pescoço, face e lábios acastanhados, não era um baixote de pura raça, igual aqueles que por aí andam a varrer o chão com a barriga, tal como os que vejo no Google, aqueles que lhes falta em altura o que têm a mais de comprimento.
O seu dono, João Codovil, era meu amigo e economista de profissão, a desempenhar funções na Câmara Municipal de Castro Verde.
Às vezes caçávamos juntos e ele, face ao olhar pasmado dos outros caçadores quando viam o seu estranho «perdigueiro», logo fazia questão de mostrar o que ele era capaz de fazer, já que, só de vê-lo e à partida, qualquer caçador de perdizes nunca imaginaria tê-lo por companheiro a atravessar lavradios e descampados de espingarda aperrada pronta a disparar sobre a peça de pelo ou de pena que lhe saltasse à frente e ficasse ao alcance da sua mira.