GENTE, TERRA E ANIMAIS - HERÁLDICA BOVINA
Podia chamar a este meu trabalho “Ensaio sobre a Cegueira”, não com o assunto tratado por José Saramago, que começa com um “homo urbanus” que cegou, ao volante de um automóvel, a olhar para um semáforo citadino, cegueira que se estendeu a todos os automobilistas da cidade e do mundo.
Não. Os meus protagonistas e o espaço em que se movem são outros, longe dos meios citadinos. Não se trata de ficção. Não é Lisboa, nem qualquer outra grande metrópole do globo. É a serra do MONTEMURO E ARREDORES, com a sua história, os seus usos, costumes e tradições. Serra revestida de carquejas, urgueiras, sargaços, giestas, caminhos carreteiros, leiras e lameiros. De gente com senhorio de todas as manhas e técnicas de sobrevivência, sempre em luta com os adversos elementos da natureza e homens do fisco.
Digamos que vou lançar luz sobre o “homo rusticus”, lastimando, por tão óbvia, no caso vertente, a “cegueira” dos nossos homens das ARTES LIBERAIS, homens de LETRAS, assim classificados por oposição às ARTES SERVIS, mesteirais, agricultores e pastores. Nem mais, assim “arrumadinhos” socialmente pelos nossos HUMANISTAS DE QUINHENTOS.