Trilhos Serranos

 O POETA, O SONHADOR, O VISIONÁRIO

Este meu amigo, recentemente falecido, era um homem de personalidade forte que, em Portugal e no Brasil, venceu adversidades  mil, menos a morte. Era um cidadão irrequieto, das sete partidas. Conheci-o em 1985, quando pôs de pé a  “Voz do Montemuro”, jornal de vida breve. Mas sinto a falta de gente assim. De ganhos e perdas. De vitórias e derrotas. Homem de iniciativa, de “pensar” e de “fazer”, mais de “mandar” do que de  “obedecer”, conciliador, congredador de vontades, mas nem sempre consensual, nada fazia por mal, fosse ou não compreendido, reconhecido e recompensado. Traçado o caminho, o caminho era seguido, levava a dele avante. E, com ou sem risco, nem sempre isento de perigo, mesmo avisado, seguia adiante. Um poeta, um visionário, um sonhador. Sim, faz-me falta este amigo. Com certo pendor egocentrista, mirando-se no espelho, olhos fitos em si,  não perdia, contudo, de vista o mundo em redor e, naturalmente, rodeava-se de  muita gente conhecida e desconhecida. 

PENSAR DÁ TRABALHO

Eis uma “MESA DE CENTRO” com «TAMPO CIRCULAR» apoiado numa «COLUNA ESCULPIDA» que assenta numa base com “TRÊS DRAGÕES”,  à semelhança das mesas “PÉ DE GALO”.

JOGOS FLORAIS EM 1947

Em 1995 tive a felicidade de me encontrar em Castro Daire com José Augusto da Silva Freitas, natural de Vila Seca, a residir em Coimbra, um velho amigo do meu pai, Salvador de Carvalho, desde os tempos em que trabalhava na Câmara Municipal de Castro Daire.

Fiel leitor das minhas publicações no “Notícias de Daire Daire”, fruto das minhas investigações sobre a HISTÓRIA LOCAL, no primeiro encontro pessoal que tivemos, logo se prontificou a fornecer-me fotocópia de algum material que possuía nos seus arquivos, sempre dignos de divulgação e conhecimento.

Com efeito, em 27 de março de 1995, entrou na minha caixa do correio um volumoso envelope com esse material, acompanhado de uma amistosa missiva onde ele se penitenciava do atraso que tivera em satisfazer a sua oferta.

O “CAROCHAS”

Década 60 do século XX. Um professor. Um pedagogo. Um cientista, docente no “Externato Marques Agostinho”, em Lourenço Marques, Moçambique. Ali, no Largo “Heróis de Mocava”, largo em forma de “U”, de boca aberta para a Avenida Pinheiro Chagas, toda ela uma reta urbana com cerca de 5 Km de ponta a ponta. Ali, naquela cidade das acácias, poleiro certo e seguro de centenas de cigarras, sempre ocupadas na sua estridente, mas nunca irritante, cigarrela. Cigarras, uma orquestra de violas, violinos e guitarras, maestrinas à disposição do passante, em tempo constante, noite e dia, naquela terra distante onde deixei anos de vida.

NOSSAS TERRAS E NOSSAS GENTES

No dia 10 de fevereiro de 2017, num texto que escrevi e coloquei “on line”, neste meu espaço, deixei o parágrafo que se segue:

Lá mais ao fundo, as Covelinhas (=Santa Margarida, como demonstrei em estudo específico) e a seguir os Mortolgos, nome próximo de "MORTÓRIO=FOGO MORTO" que significa "casal desabitado, reduzido a matos e sem cultura", tudo a lembrar o abandono e a MORTE, sítios a recordarem a grande batalha ocorrida naquele monte onde se levantou um cruzeiro gigante, em 1940”. 

Referia-me ao MONTE DA CABEÇA sobranceiro a Lamelas, aos Braços e não muito longe de Vila Pouca.