Trilhos Serranos

LENDAS E CONTOS

Como o tempo voa. No afastado ano de 2004 coloquei no mundo o livro “Lendas de Cá, Coisas do Além” (edição de autor), cujo conteúdo proveio da recolha feita durante as minhas investigações no terreno, associado ao contributo dos meus alunos que envolvi na tarefa de recolherem junto de avós, pais e tios, parentela e conhecidos, tudo o que eles relatavam em conversas ocasionais ou que tinham ouvido contar pelos mais velhos, nos prolongados serões que se faziam à lareira. Aqui na serra, onde a LITERATURA ORAL ERA RAINHA.

SOUTO DE D. DINIS

De castanhas se fazia pão

Caldo de  castanhas se fazia.

Bem o pode negar e dizer que não

Pessoa de pouca sabedoria.

TETE - GERALDO, O DESBRAVADOR

Cheguei à cidade de Tete, em Moçambique, no ano de 1962. Conheci ali o Geraldo. Toda a gente conhecia o Geraldo. Ele era o guarda-fios mais antigo dos CTT e morava  numa palhota, nos arrabaldes da cidade de betão, com a mulher negra e uma ninhada de filhos mulatos. Rondaria os 50 anos de idade e chegara à cidade mais quente de Moçambique, uns trinta anos antes de mim.  Foi para ali desterrado, em plena juventude, com o encargo de montar uma linha telefónica que ligasse aquela cidade à povoação de Chicoa, bem perto do sítio onde, muito mais tarde, veio a construir-se a barragem de Cabarobassa, no rio Zambeze.

CASTRO VERDE - REPOSIÇÃO DE TEXTOS DISPERSOS POR ARQUIVOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

Durante “cinco tostões de conversa” que tive, no FACEBOOK (como se diz por estas bandas do Montemuro) com um amigo meu, natural do Alentejo, sabendo ele que eu estive a lecionar em Castro Verde, trouxe à colação a FEIRA DE CASTRO, cujo respigo se segue:

SAGA DE UM RELÓGIO

Um dia, testada que foi leveza do pêndulo naquele seu repetido vai-vem, pêndulo em forma de âncora de navio rematada em pião, qual arte dançante de gueixa, ele, originário do Japão, com essa sua arte, leveza e gesto, sem olhar ao longe e ao perto, a sua terra natal deixa, qual emigrante a fazer pela vida.