O INFERNO NO PENSAMENTO
Falar do inferno, falar do reino do Demónio, dessa figura sinistra, esse ser maléfico patrono de bruxas e de bruxos, pai de todos os males do universo, Lucifer, anjo revoltado contra Deus, é falar do medo que me foi incutido em menino nas aulas de catequese, idade bem pouco propícia à descodificação de metáforas, alegorias e parábolas.
A minha ingénua alma de criança arrepiava-se, dos pés à cabeça, todas as vezes que me falavam daquela extravagante figura e daquele infernal “fogo inextinguível”, daquele “fogo eterno” permanentemente aceso, ali, nas profundezas da Terra, naquele sítio, naquele lugar, onde caíam as almas condenadas e de lá não tinham saída. Sítio de flagelação permanente, diferente era do Purgatório, lugar de transição para o Céu onde os bem-aventurados podiam usufruir o eterno gozo, à mão direita do Criador.